segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Igreja: Surgimento de novas vocações depende de uma fé «formada e constantemente alimentada»

Desafios e perspetivas para uma maior adesão à vida consagrada estiveram em debate num fórum nacional em Fátima

Lisboa, 29 out 2012 (Ecclesia) – O secretário da Comissão Episcopal de Vocações e Ministérios (CEVM) diz que a falta de candidatos à vida consagrada é um sinal de que a Igreja precisa de reforçar a sua ação evangelizadora junto das comunidades.
Em entrevista concedida hoje à Agência ECCLESIA, o padre Emanuel Silva sublinha que o empenho dos agentes pastorais na “perceção dos aspetos sociais, religiosos, psicológicos” que estão por trás da escassez de vocações, “tem feito, algumas vezes, esquecer” aquilo que é “o grande fundamento” de tudo: “a fé em Deus”.
“Na origem do ser Igreja está uma experiência de fé. Tem de ser formada e, constantemente, alimentada. Sem isso ninguém entenderá o que é que a Igreja quer quando pede às pessoas para rezarem pelas vocações”, sustenta o sacerdote.
Para aquele responsável, a implementação de uma “cultura vocacional” implica uma “mudança de paradigma” pastoral, que acompanhe as alterações verificadas na sociedade, ao nível da “família” e da própria “experiência religiosa”, e ajude a revitalizar a “qualidade da vida cristã”.
Sem essa “rutura”, a Igreja “corre o risco de continuar voltada para os tempos em que, nas instituições e nas pessoas, tinha uma ótima e imensa imagem pública, com imensas vocações”, alerta.
A relação entre “Fé e Cultura Vocacional” como ponto de partida para uma nova dinâmica na pastoral das vocações foi o tema central de um fórum nacional que decorreu em Fátima, entre 26 e 26 de outubro, e que juntou cerca de uma centena de agentes do setor, entre sacerdotes, religiosos e leigos.
De acordo com o padre Emanuel Silva, é preciso implementar junto das paróquias “uma nova visão” do cristianismo, com uma vitalidade semelhante àquela que existia no tempo das primeiras comunidades.
“É tempo de olhar para o batismo como uma vida de fé que se inicia; de fazer uma catequese que não se resume ou equipara apenas aos anos escolares; de dinamizar os sacramentos para que, por exemplo, o crisma não seja a pré-reforma da participação na Igreja; de olhar para as vocações de consagração como surgindo do chamamento de Deus e da comunidade que vive a sua fé”, exemplifica o sacerdote.
A aproximação às famílias, “Igreja doméstica”, é vista como fundamental, porque elas são o ponto de partida para qualquer experiência cristã.
“Na realidade”, acrescenta o mesmo responsável, “vivem-se na família quatro experiências, paternidade, filiação, fraternidade e nupcialidade” que constituem a vida da Igreja: experiência de Deus como Pai, de Cristo como irmão, de filhos em Jesus Cristo, de Cristo como esposo da Igreja”.
JCP
Ver artigo original

domingo, 28 de outubro de 2012

Apresentação do programa da festa de S. Amaro 2013

Realizou-se ontem, no salão paroquial, um jantar de convívio, onde foi apresentado o programa das festas de S. Amaro e S. António para o ano 2013.


sábado, 27 de outubro de 2012

XXX Domingo Comum – B

A LUZ DA FÉ


0. Nestes dias, foi apresentada uma “Missa Brevis” (em Latim). O autor é um compositor de música ligeira (João Gil). Como  ele não era muito assíduo às coisas religiosas, perguntaram-lhe “porquê”! Ele explicou que, a certa altura, temos de nos interrogar sobre o sentido da vida, sobre a razão de passarmos pelo mundo...
Hoje podemos perguntar-nos: Qual é a luz que nos ilumina o caminho? A luz do sol,  a luz da tecnologia que nos encanta? Ou será a luz da beleza, da saúde, da juventude que desvanece?
Muitas vezes queremos ver, mas a vida apresenta-se cheia de escuridão.

1.UMA PALAVRA DE CORAGEM
- "Soltai brados de alegria, alegrai-vos... porque o Senhor salvou o seu povo".
- Mesmo quando não enxergamos o caminho, devemos exultar porque o Senhor nunca nos abandona com o Seu amor. Ele não nos livra das provas, das dificuldades, mas vai connosco a atravessá-las.
- Cristo é o sumo-sacerdote que intercede por nós e nos livra de todos os pecados...
- Jesus ouve-nos quando chamamos com confiança, como aquele cego. Jesus não é como as pessoas importantes deste mundo, que têm muitas vezes a agenda cheia  e não nos podem atender. Ouve-nos, escuta o nosso grito confiante...
- Atende-nos quando pedimos com fé e devemos começar por pedir os bens espirituais, por Lhe pedir ajuda para sermos melhores, mais santos. É a lógica da oração do Pai Nosso: depois de pedirmos o Reino é que pedimos o pão!

2. UMA LUZ NAS TREVAS
- Jesus é a verdadeira luz que apareceu nas trevas deste mundo e da nossa vida. Qual era o maior dom que Jesus podia fazer àquele cego? Dar-lhe a vista?
- Não, o maior dom que Jesus lhe deu foi o dom da fé. A fé é simultaneamente dom e decisão pessoal, voltar o coração para Deus, seguimento do Mestre, é sobretudo luz...
- tudo isso vemos na atitude do jovem: “atirou fora a capa (das suas seguranças) e deu um salto em frente”. Arriscou, ficou mais perto de Jesus, do milagre da fé!
- Ele pede a luz dos olhos, mas já tinha recebido a luz da fé. A luz da fé é muito maior, mais alta, mais difícil, mais iluminadora das nossas trevas... A luz dos olhos era sinal dessa luz interior!

3.PARA UMA FÉ VERDADEIRA
- Procuremos ver todos os acontecimentos da nossa vida e do nosso mundo com os olhos de Deus....         
- Vamos descobrir que o Deus da fé é o mesmo que a Bíblia nos apresenta, Alguém que ama infinitamente. Jesus, que nos dá a vida, é a expressão máxima desse amor, de um perdão sem limites.
- Deus sabe esperar que o ser humano progrida na fé e chegue a reconhecê-l’O no seu amor e condescendência (Deus que desce do céu e, em Jesus, pisa a mesma terra do nosso caminhar).
- Vivamos uma fé verdadeira, feita de confiança, de conhecimento, de espírito comunitário... e manifestada no amor!

Nesta semana:
- A fé é uma luz, um clarão que ilumina as nossas vidas.
- Vamos ser reflectores dessa imensa luz que é Jesus, testemunhando, com simplicidade, a alegria de uma fé verdadeira!


 P. Cardoso

Sínodo 2012: Bento XVI diz que Igreja está pronta para enfrentar «ventos contrários»

Papa anunciou alterações na estrutura da Cúria Romana para responder às exigências da nova evangelização



 
« Inter Mirifica»
Cidade do Vaticano, 27 out 2012 (Ecclesia) – Bento XVI afirmou hoje no Vaticano que a Igreja Católica está pronta para enfrentar “ventos contrários” e agradeceu o trabalho desenvolvido pelo Sínodo dos Bispos sobre a nova evangelização.
“Ainda que a Igreja sinta ventos contrários, ainda se sente sobretudo o vento do Espírito Santo, que nos ajuda e mostra o rumo correto. Assim, com novo entusiasmo, estamos a caminho e agradecemos ao Senhor porque nos deu este encontro verdadeiramente católico [universal]”, disse, numa intervenção publicada pela Santa Sé.
O Papa confessou ter sido “verdadeiramente edificante, consolador e encorajador” poder ter visto, neste encontro, “o espelho da Igreja universal, com os seus sofrimentos, ameaças, perigos e alegrias, experiências da presença do Senhor, também em situações difíceis”.
A 13ª assembleia geral ordinária do Sínodo dos Bispos, um organismo consultivo criado por Paulo VI em 1965, tem como tema ‘A nova evangelização para a transmissão da fé cristã’ e decorre até domingo, quando se conclui com uma missa presidida por Bento XVI na Praça de São Pedro, a partir das 09h30 (hora local, menos uma em Lisboa).
Após a 22ª e última reunião (congregação) geral, o Papa anunciou que decidiu promover algumas mudanças na estrutura da Cúria Romana (órgãos de governo central da Igreja Católica), transferindo as competências sobre os seminários para a Congregação para o Clero e as da catequese para o Conselho Pontifício para a Promoção da Nova Evangelização.
Bento XVI explicou ainda que o anúncio de um novo consistório, marcado para 24 de novembro, para a criação de seis cardeais não europeus foi pensado como um símbolo da “universalidade da Igreja”.
“A Igreja é Igreja de todos os povos, fala em todas as línguas”, acrescentou.
Segundo o Papa, após quase três semanas de trabalhos no Sínodo, foi possível ver como essa Igreja “cresce hoje, vive”, dando como exemplo os testemunhos sobre a fé no Camboja ou na Noruega, entre outros.
“Também hoje, onde não se esperava, o Senhor está presente, com poder, e atua também através do nosso trabalho e das nossas reflexões”, acrescentou.
Bento XVI agradeceu a presença dos bispos, convidados e peritos presentes nesta assembleia, “com testemunhos que muitas vezes foram verdadeiramente comoventes”.
“Sabemos que todos queremos anunciar Cristo e o seu Evangelho e combater, neste tempo difícil, pela presença da verdade de Cristo e pelo seu anúncio”, prosseguiu.
O Papa recebeu o conjunto de propostas do Sínodo, que considerou “um testamento, um dom” dos 260 participantes – um número recorde no qual se incluem D. Manuel Clemente, bispo do Porto, e D. António Couto, bispo de Lamego, em representação da Conferência Episcopal Portuguesa.
OC

sábado, 20 de outubro de 2012

50 anos depois do Concílio Vaticano II


Deus cuida de nós



Comentário de São João Eudes (1601-1680), presbítero
«Colocai nas mãos de Deus qualquer preocupação, pois é Ele que cuida de vós» (1 Pd 5,7)O nosso muito amoroso Salvador assegura-nos em vários lugares das Suas sagradas Escrituras que tem um cuidado e uma vigilância constantes em relação a nós, que nos traz e sempre nos trará ao colo, no Seu coração e nas Suas entranhas (Is 46,3-4). E não Se contentou em dizê-lo só uma ou duas vezes, mas di-lo e repete-o cinco vezes na mesma passagem.
E noutra passagem diz-nos que mesmo que fosse possível encontrar uma mãe que se viesse a esquecer do filho que carregou nas suas entranhas, Ele nunca Se esquecerá de nós (Is 49,15-16); que nos escreveu nas mãos, para nos ter sempre diante dos olhos (Is 49,17); que quem nos fere, fere a pupila dos Seus olhos (Zc, 2,12); que não nos devemos preocupar com as coisas que são necessárias para viver e para vestir, que Ele sabe bem que precisamos de tudo isso e cuida de nós (Mt 6,31-34); que contou todos os cabelos da nossa cabeça (Mt 10,30) e que não perderemos um só (Lc 21,18); que Seu Pai nos ama como O ama a Ele, e que Ele nos ama como Seu Pai O ama (Jo 15,9; 17,26); que quer que estejamos onde Ele estiver (Jo 17,24), quer dizer, que estejamos descansando com Ele no seio e no coração de seu Pai (Jo 1,2).

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Mensagem do Papa



«Chamados a fazer brilhar a Palavra da verdade»

Queridos irmãos e irmãs!
Neste ano, a celebração do Dia Mundial das Missões reveste-se dum significado muito particular. A ocorrência do cinquentenário do inicío do Concílio Vaticano II, a abertura do Ano da Fé e o Sínodo dos Bispos cujo tema é a nova evangelização concorrem para reafirmar a vontade da Igreja se empenhar, com maior coragem e ardor, na missio ad gentes, para que o Evangelho chegue até aos últimos confins da terra.
Com a participação dos Bispos católicos vindos de todos os cantos da terra, o Concílio Ecuménico Vaticano II constituiu um sinal luminoso da universalidade da Igreja pelo número tão elevado de Padres conciliares que nele se congregou, pela primeira vez, provenientes da Ásia, da África, da América Latina e da Oceânia. Tratava-se de Bispos missionários e Bispos autóctones, Pastores de comunidades disseminadas entre populações não-cristãs, que trouxeram para a Assembleia conciliar a imagem duma Igreja presente em todos os continentes e se fizeram intérpretes das complexas realidades do então chamado «Terceiro Mundo». Enriquecidos com a experiência própria de Pastores de Igrejas jovens e em vias de formação, apaixonados pela difusão do Reino de Deus, eles contribuíram de maneira relevante para se reafirmar a necessidade e a urgência da evangelização ad
gentes e, consequentemente, colocar no centro da eclesiologia a natureza missionária da Igreja.

Eclesiologia missionária
Hoje uma tal visão não esmoreceu; antes, tem conhecido uma fecunda reflexão teológica e pastoral e, ao mesmo tempo, repropõe-se com renovada urgência, porque aumentou o número daqueles que ainda não conhecem Cristo. «Os homens, à espera de Cristo, constituem ainda um número imenso», afirmava o Beato João Paulo II na Encíclica Redemptoris missio sobre a validade permanente do mandato missionário; e acrescentava: «Não podemos ficar tranquilos, ao pensar nos milhões de irmãos e irmãs nossas, também eles redimidos pelo sangue de Cristo, que ignoram ainda o amor de Deus» (n. 86). Por minha vez, ao proclamar o Ano da Fé, escrevi que Cristo «hoje, como outrora, envia-nos pelas estradas do mundo para proclamar o seu Evangelho a todos os povos da terra» (Carta ap. Porta fidei, 7). E esta proclamação – como referia o Servo de Deus Paulo VI, na Exortação apostólica Evangelii nuntiandi – «não é para a Igreja uma contribuição facultativa: é um dever que lhe incumbe, por mandato do Senhor Jesus, a fim de que os homens possam acreditar e ser salvos. Sim, esta mensagem é necessária; ela é única e não poderia ser substituída» (n. 5). Por conseguinte, temos necessidade de reaver o mesmo ímpeto apostólico das primeiras comunidades cristãs, que, apesar de pequenas e indefesas, foram capazes, com o anúncio e o testemunho, de difundir o Evangelho por todo o mundo conhecido de então.
Por isso não surpreende que tanto o Concílio Vaticano II como o Magistério sucessivo da Igreja insistam, de modo especial, sobre o mandato missionário que Cristo confiou aos seus discípulos e que deve ser empenho de todo o Povo de Deus: Bispos, sacerdotes, diáconos, religiosos, religiosas e leigos. O cuidado de anunciar o Evangelho em toda a terra compete, primariamente, aos Bispos enquanto responsáveis directos da evangelização no mundo, quer como membros do Colégio Episcopal, quer como Pastores das Igrejas particulares. Efectivamente, eles «foram consagrados não apenas para uma diocese, mas para a salvação de todo o mundo» (João Paulo II, Carta enc. Redemptoris missio, 63), sendo o Bispo «um pregador da fé, que conduz a Cristo novos discípulos» (Ad gentes, 20) e «torna presentes e como que palpáveis o espírito e o ardor missionário do
Povo de Deus, de maneira que toda a diocese se torna missionária» (Ibid., 38).

A prioridade da evangelização
Assim, para um Pastor, o mandato de pregar o Evangelho não se esgota com a solicitude pela porção do Povo de Deus confiada aos seus cuidados pastorais, nem com o envio de qualquer sacerdote, leigo ou leiga fidei donum. O referido mandato deve envolver toda a actividade da Igreja particular, todos os seus sectores, em suma, todo o seu ser e operar: indicou-o claramente o Concílio Vaticano II, e o Magistério sucessivo reiterou-o com vigor. Isto exige que estilos de vida, planos pastorais e organização diocesana se adequem, constantemente, a esta dimensão fundamental de ser Igreja, sobretudo num mundo como o nosso em contínua transformação. E o mesmo vale para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica e também para os Movimentos eclesiais: todos os elementos que compõem o grande mosaico da Igreja devem sentir-se fortemente interpelados pelo mandato de pregar o Evangelho para que Cristo seja anunciado em toda a parte. Nós, Pastores, com os religiosos, as religiosas e todos os fiéis em Cristo, devemos seguir as pegadas do apóstolo Paulo, o qual, «prisioneiro de Cristo pelos gentios» (Ef 3, 1), trabalhou, sofreu e lutou para fazer chegar o Evangelho ao meio dos gentios (cf. Col 1, 24-29), sem poupar energias, tempo e meios para dar a conhecer a Mensagem de Cristo.
Também hoje a missão ad gentes deve ser o horizonte constante e o paradigma de toda a actividade eclesial, porque a própria identidade da Igreja é constituída pela fé no Mistério de Deus, que se revelou em Cristo para nos dar a salvação, e pela missão de O testemunhar e anunciar ao mundo até ao seu regresso. Como São Paulo, devemos ser solícitos pelos que estão longe, por quantos ainda não conhecem Cristo nem experimentaram a paternidade de Deus, conscientes de que «a cooperação se alarga hoje para novas formas, não só no âmbito da ajuda económica mas também no da participação directa» na evangelização (João Paulo II, Carta enc. Redemptoris missio, 82). A celebração do Ano da Fé e do Sínodo dos Bispos sobre a nova evangelização serão ocasiões propícias para um relançamento da cooperação missionária, sobretudo nesta segunda dimensão.

Fé e anúncio
O anseio de anunciar Cristo impele-nos também a ler a história para nela vislumbrarmos os problemas, aspirações e esperanças da humanidade que Cristo deve sanar, purificar e colmatar com a sua presença. De facto, a sua Mensagem é sempre actual, penetra no próprio coração da história e é capaz de dar resposta às inquietações mais profundas de cada homem. Por isso a Igreja, em todos os seus componentes, deve estar ciente de que «os horizontes imensos da missão eclesial e a complexidade da situação presente requerem hoje modalidades renovadas para se poder comunicar eficazmente a Palavra de Deus» (Bento XVI, Exort. ap. pós-sinodal Verbum Domini, 97). Isto exige, antes de mais, uma renovada adesão de fé pessoal e comunitária ao Evangelho de Jesus Cristo, «num momento de profunda mudança como este que a humanidade está a viver» (Carta ap. Porta fidei, 8).
Com efeito, um dos obstáculos ao ímpeto da evangelização é a crise de fé, patente não apenas no mundo ocidental mas também em grande parte da humanidade, que no entanto tem fome e sede de Deus e deve ser convidada e guiada para o pão da vida e a água viva, como a Samaritana que vai ao poço de Jacob e fala com Cristo. Como narra o Evangelista João, o caso desta mulher é particularmente significativo (cf. Jo 4, 1-30): encontra Jesus, que começa por lhe pedir de beber mas depois fala-lhe duma água nova, capaz de apagar a sede para sempre. Inicialmente a mulher não entende, detém-se ao nível material, mas lentamente é guiada pelo Senhor fazendo um caminho de fé que a leva a reconhecê-Lo como o Messias. E a este propósito afirma Santo Agostinho: «Depois de ter acolhido no coração Cristo Senhor, que mais poderia fazer [aquela mulher] senão deixar ali o cântaro e correr a anunciar a boa nova?» (In Ioannis Ev.,15, 30). O encontro com Cristo como Pessoa viva que sacia a sede do coração só pode levar ao desejo de partilhar com os outros a alegria desta presença e de a dar a conhecer para que todos a possam experimentar. É preciso reavivar o entusiasmo da comunicação da fé, para se promover uma nova evangelização das comunidades e dos países de antiga tradição cristã que estão a perder a referência a Deus, e deste modo voltarem a descobrir a alegria de crer. A preocupação de evangelizar não deve jamais ficar à margem da actividade eclesial e da vida pessoal do cristão, mas há-de caracterizá-la intensamente, cientes de sermos destinatários e ao mesmo
tempo missionários do Evangelho. O ponto central do anúncio permanece sempre o mesmo: o Kerigma de Cristo morto e ressuscitado pela salvação do mundo, o Kerigma do amor absoluto e total de Deus por cada homem e cada mulher, cujo ponto culminante se situa no envio do Filho eterno e unigénito, o Senhor Jesus, que não desdenhou assumir a pobreza da nossa natureza humana, amando-a e resgatando-a do pecado e da morte por meio da oferta de Si mesmo na cruz.
A fé em Deus, neste desígnio de amor realizado em Cristo é, antes de mais, um dom e um mistério que se há-de acolher no coração e na vida e pelo qual se deve agradecer sempre ao Senhor. Mas a fé é um dom que nos foi concedido para ser partilhado; é um talento recebido para que dê fruto; é uma luz que não deve ficar escondida, mas iluminar toda a casa. É o dom mais importante que recebemos na nossa vida e que não podemos guardar para nós mesmos.

O anúncio faz-se caridade
«Ai de mim, se eu não evangelizar!»: dizia o apóstolo Paulo (1 Cor 9, 16). Esta frase ressoa, com força, aos ouvidos de cada cristão e de cada comunidade cristã em todos os Continentes. Mesmo nas Igrejas dos territórios de missão, Igrejas em grande parte jovens e frequentemente de recente fundação, já se tornou uma dimensão conatural a missionariedade, apesar de elas mesmas precisarem ainda de missionários. Muitos sacerdotes, religiosos e religiosas, de todas as partes do mundo, numerosos leigos e até mesmo famílias inteiras deixam os seus próprios países, as suas comunidades locais e vão para outras Igrejas testemunhar e anunciar o Nome de Cristo, no qual encontra a salvação a humanidade. Trata-se duma expressão de profunda comunhão, partilha e caridade entre as Igrejas, para que cada homem possa ouvir, pela primeira vez ou de novo, o anúncio que cura e aproximar-se dos Sacramentos, fonte da verdadeira vida.
Associadas com este sinal sublime da fé que se transforma em caridade, estão as Pontifícias Obras Missionárias, instrumento ao serviço da cooperação na missão universal da Igreja no mundo, que recordo e agradeço. Através da sua acção, o anúncio do Evangelho torna-se também intervenção a favor do próximo, justiça para com os mais pobres, possibilidade de instrução nas aldeias mais distantes, assistência médica em
lugares remotos, emancipação da miséria, reabilitação de quem vive marginalizado, apoio ao desenvolvimento dos povos, superação das divisões étnicas, respeito pela vida em todas as suas fases.
Queridos irmãos e irmãs, invoco sobre a obra de evangelização ad gentes, e de modo particular sobre os seus obreiros, a efusão do Espírito Santo, para que a Graça de Deus a faça avançar mais decididamente na história do mundo. Apraz-me rezar assim com o Beato John Henry Newman: «Acompanhai, Senhor, os vossos missionários nas terras a evangelizar, colocai as palavras certas nos seus lábios, tornai frutuosa a sua fadiga». Que a Virgem Maria, Mãe da Igreja e Estrela da Evangelização, acompanhe todos os missionários do Evangelho.
Vaticano, 6 de Janeiro – Solenidade da Epifania do Senhor – de 2012.
BENEDICTUS PP. XVI

XXIX- Domingo do Tempo Comum


A liturgia do 29º Domingo do Tempo Comum lembra-nos, mais uma vez, que a lógica de Deus é diferente da lógica do mundo. Convida-nos a prescindir dos nossos projectos pessoais de poder e de grandeza e a fazer da nossa vida um serviço aos irmãos. É no amor e na entrega de quem serve humildemente os irmãos que Deus oferece aos homens a vida eterna e verdadeira.

A primeira leitura apresenta-nos a figura de um “Servo de Deus”, insignificante e desprezado pelos homens, mas através do qual se revela a vida e a salvação de Deus. Lembra-nos que uma vida vivida na simplicidade, na humildade, no sacrifício, na entrega e no dom de si mesmo não é, aos olhos de Deus, uma vida maldita, perdida, fracassada; mas é uma vida fecunda e plenamente realizada, que trará libertação e esperança ao mundo e aos homens.
 
Na segunda leitura, o autor da Carta aos Hebreus fala-nos de um Deus que ama o homem com um amor sem limites e que, por isso, está disposto a assumir a fragilidade dos homens, a descer ao seu nível, a partilhar a sua condição. Ele não Se esconde atrás do seu poder e da sua omnipotência, mas aceita descer ao encontro homens para lhes oferecer o seu amor.

No Evangelho, Jesus convida os discípulos a não se deixarem manipular por sonhos pessoais de ambição, de grandeza, de poder e de domínio, mas a fazerem da sua vida um dom de amor e de serviço. Chamados a seguir o Filho do Homem “que não veio para ser servido, mas para servir e dar a vida”, os discípulos devem dar testemunho de uma nova ordem e propor, com o seu exemplo, um mundo livre do poder que escraviza.

Ver artigo original

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Abertura do Ano da Fé na diocese de Leiria

"Um ano para redescobrir a beleza da fé e a alegria do seu testemunho"

Assinatura Foto: LMFerraz | GIC Leiria-Fátima

D. António Marto apresentou aos diocesanos, reunidos em Assembleia, o tema e os objetivos que propõe a toda a Igreja de Leiria-Fátima para este ano pastoral de 2012-2013. Descobrir a "fé como um tesouro" e partir para o seu anúncio "mesmo em ambiente adverso" são os grandes desafios.

Mais fotos...

 Um dos momentos da Assembleia Diocesana do passado domingo, dia 14 de outubro, foi a apresentação do tema, objetivos e principais ações para este ano pastoral, nesta Igreja particular de Leiria-Fátima.

 O Bispo da Diocese, D. António Marto, começou por situar a importância do tema escolhido – “O Tesouro da Fé, Dom para Todos” – no atual contexto de crise social que é, “antes de mais, uma crise cultural e espiritual”. Quando “muitos cristãos perderam a sua identidade”, diluídos numa sociedade em que “Cristo é admirado como importante figura histórica, mas não é amado”, em que “a fé se vai esboroando e já não é transmitida em família”, em que “o relativismo dos valores leva cada indivíduo a construir a fé «à lista», à medida das suas conveniências, aceitando uma coisas e deixando outras de parte”, torna-se cada vez mais necessário “descobrir e fé como um tesouro, um dom que Deus oferece a todos e cada um de nós”, referiu o pastor.

 Nessa linha, o primeiro grande objetivo deste ano será esse “redescobrir a alegria de acreditar em Jesus Cristo”, procurando meios de formação, aprofundamento e vivência da fé, como retiros, cursos, celebrações comunitárias, leitura do Catecismo da Igreja Católica e de outras fontes de conhecimento doutrinal, etc.

 Num segundo momento, deverá cada um “avivar o entusiasmo pelo testemunho e anúncio da fé, mesmo neste ambiente adverso”, como resultado de uma “experiência pessoal do amor recebido de Deus e atuante na vida”. “Se Cristo encarnasse hoje no nosso mundo, não seria colocado numa cruz, mas seria posto a ridículo”, alertou D. António, apontando ao cristão a missão de O testemunhar como “experiência de graça, de beleza e de alegria”, num “novo modo de ser cristão” marcado pela “alegria da fé como tesouro, como dom precioso”.

 O terceiro objetivo será “avaliar a vitalidade da fé das comunidades cristãs à luz do percurso pastoral dos últimos anos”, 2005-2012, em que vigorou o projeto pastoral emanado do Sínodo Diocesano.

 Para cada um destes objetivos, o Bispo de Leiria-Fátima aponta na Nota Pastoral que escreveu para este ano as principais ações a realizar, no âmbitos diocesano, vicarial e paroquial. Esses mesmo conteúdos foram organizados de forma esquematizada num documento distribuído a todos os presentes, também disponibilizado neste portal.

 

Luís Miguel Ferraz

Artigo retirado de

sábado, 13 de outubro de 2012

28º DOMINGO DO TEMPO COMUM


A liturgia do 28º Domingo do Tempo Comum convida-nos a reflectir sobre as escolhas que fazemos; recorda-nos que nem sempre o que reluz é ouro e que é preciso, por vezes, renunciar a certos valores perecíveis, a fim de adquirir os valores da vida verdadeira e eterna.
Na primeira leitura, um “sábio” de Israel apresenta-nos um “hino à sabedoria”. O texto convida-nos a adquirir a verdadeira “sabedoria” (que é um dom de Deus) e a prescindir dos valores efémeros que não realizam o homem. O verdadeiro “sábio” é aquele que escolheu escutar as propostas de Deus, aceitar os seus desafios, seguir os caminhos que Ele indica.
O Evangelho apresenta-nos um homem que quer conhecer o caminho para alcançar a vida eterna. Jesus convida-o renunciar às suas riquezas e a escolher “caminho do Reino” – caminho de partilha, de solidariedade, de doação, de amor. É nesse caminho – garante Jesus aos seus discípulos – que o homem se realiza plenamente e que encontra a vida eterna.
A segunda leitura convida-nos a escutar e a acolher a Palavra de Deus proposta por Jesus. Ela é viva, eficaz, actuante. Uma vez acolhida no coração do homem, transforma-o, renova-o, ajuda-o a discernir o bem e o mal e a fazer as opções correctas, indica-lhe o caminho certo para chegar à vida plena e definitiva.

sexta-feira, 12 de outubro de 2012

XXVIII Domingo do Tempo Comum- Ano B


À PROCURA DA PALAVRA

"É mais fácil passar um camelo…” Mc 10, 25

O buraco da agulha

É certamente uma anedota a história do rico industrial alemão (curioso, mas deve ser coincidência!) que mandou fazer, numa das suas fábricas, uma agulha com um buraco suficientemente grande, para passar por ele o dito camelo das palavras de Jesus no evangelho! Mas é concerteza desse tamanho o buraco que se cria nas consciências de nós, cristãos, quando, em lugares onde possamos ganhar exageradamente (ou até indignamente, se olhássemos bem em volta!), juntamos a fé e o dinheiro numa aliança admirável! A honestidade do homem rico do evangelho, que percebeu não poder seguir Jesus e continuar a adorar os seus bens, ao menos, é autêntica.
Na perspectiva da Bíblia as riquezas são uma bênção de Deus. Atrevo-me a dizer que o desejo de Deus é que todos sejamos ricos. Mas ricos de quê? Simplesmente de coisas que se acumulam e guardam, que precisam de cofres e guardas, e encerram em gaiolas douradas os seus donos? Grande é a embriaguez do possuir, que parece transformar em semi-deuses quem é tão de carne como o mais desventurado dos homens! Como se transforma o dono em escravo de bens e caprichos, prazeres e luxos, seus e dos que parasitam à sua volta? Como se adaptam os valores mais nobres da justiça e do bem comum, e até crenças ou ritos religiosos, a vidas de compromissos dúbios, de esquemas e corrupções para se ganhar mais? As riquezas são dom de Deus, mas os ricos, voltados para si e para a desmesura dos seus apetites, são objecto da indignação dos profetas. Como entrar no reino de Deus se nenhuma “tralha” podemos levar connosco?
A relação justa com os bens é um exercício de sabedoria. A Bíblia aponta a imagem do administrador, do colaborador de Deus na criação, como aquela que melhor serve ao homem. Sábio é quem põe os dons a render, mas encontra maior alegria em colocá-los de novo nas mãos de Deus do que em possuí-los. Em tempo de escassez de bens como o nosso (e, infelizmente, de um abissal distanciamento de ricos e pobres, de direitos e regalias inqualificáveis), a sabedoria é cada vez mais urgente. Sabedoria para escolher o essencial, para promover a inteligência no uso das coisas, para evitar o desperdício, para valorizar o trabalho, para não ceder à tentação do “salve-se quem puder”.    
Entrámos no Ano da Fé e este domingo podemos perguntar: como colocamos Jesus no meio da nossa crise. Quem adoramos? Em que investimos as nossas forças e os nossos bens? Como refreamos a nossa ânsia de consumir e revemos a partilha e a entreajuda? Poderemos fazer gestos insignificantes para a economia mundial. Mas serão certamente um sinal. Porque seguir Jesus agarrado aos bens e continuando a “passar camelos” pelo buraco largo da consciência, pode dar um ar de “bons cristãos”, mas é, certamente, uma grande ilusão! 
P. Vitor Gonçalves
Voz da Verdade 14.10.2012

quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Inicío do Ano da Fé

HOMILIA DO PAPA BENTO XVI
Praça de São Pedro
Quinta-feira, 11 de Outubro de 2012
[Vídeo] Galeria fotográfica





Venerados Irmãos,
Queridos irmãos e irmãs!
Hoje, com grande alegria, 50 anos depois da abertura do Concílio Vaticano II, damos início ao Ano da fé. Tenho o prazer de saudar a todos vós, especialmente Sua Santidade Bartolomeu I, Patriarca de Constantinopla, e Sua Graça Rowan Williams, Arcebispo de Cantuária. Saúdo também, de modo especial, os Patriarcas e Arcebispos Maiores das Igrejas Orientais católicas, e os Presidentes das Conferências Episcopais. Para fazer memória do Concílio, que alguns dos aqui presentes – a quem saúdo com afeto especial - tivemos a graça de viver em primeira pessoa, esta celebração foi enriquecida com alguns sinais específicos: a procissão inicial, que quis recordar a memorável procissão dos Padres conciliares, quando entraram solenemente nesta Basílica; a entronização do Evangeliário, cópia daquele que foi utilizado durante o Concílio; e a entrega das sete mensagens finais do Concílio e do Catecismo da Igreja Católica, que realizarei no termo desta celebração, antes da Bênção Final. Estes sinais, não nos fazem apenas recordar, mas também nos oferecem a possibilidade de ir além da comemoração. Eles nos convidam a entrar mais profundamente no movimento espiritual que caracterizou o Vaticano II, para que se possa assumi-lo e levá-lo adiante no seu verdadeiro sentido. E este sentido foi e ainda é a fé em Cristo, a fé apostólica, animada pelo impulso interior que leva a comunicar Cristo a cada homem e a todos os homens, no peregrinar da Igreja nos caminhos da história.
O Ano da fé que estamos inaugurando hoje está ligado coerentemente com todo o caminho da Igreja ao longo dos últimos 50 anos: desde o Concílio, passando pelo Magistério do Servo de Deus Paulo VI, que proclamou um "Ano da Fé", em 1967, até chegar ao o Grande Jubileu do ano 2000, com o qual o Bem-Aventurado João Paulo II propôs novamente a toda a humanidade Jesus Cristo como único Salvador, ontem, hoje e sempre. Entre estes dois Pontífices, Paulo VI e João Paulo II, houve uma profunda e total convergência na visão de Cristo como o centro do cosmos e da história, e no ardente desejo apostólico de anunciá-lo ao mundo. Jesus é o centro da fé cristã. O cristão crê em Deus através de Jesus Cristo, que nos revelou a face de Deus. Ele é o cumprimento das Escrituras e seu intérprete definitivo. Jesus Cristo não é apenas o objeto de fé, mas, como diz a Carta aos Hebreus, é aquele «que em nós começa e completa a obra da fé» (Hb 12,2).
O Evangelho de hoje nos fala que Jesus Cristo, consagrado pelo Pai no Espírito Santo, é o verdadeiro e perene sujeito da evangelização. «O Espírito do Senhor está sobre mim, / porque ele me consagrou com a unção / para anunciar a Boa-Nova aos pobres» (Lc 4,18). Esta missão de Cristo, este movimento, continua no espaço e no tempo, ao longo dos séculos e continentes. É um movimento que parte do Pai e, com a força do Espírito, impele a levar a Boa-Nova aos pobres, tanto no sentido material como espiritual. A Igreja é o instrumento primordial e necessário desta obra de Cristo, uma vez que está unida a Ele como o corpo à cabeça. «Como o Pai me enviou, também eu vos envio» (Jo 20,21). Estas foram as palavras do Senhor Ressuscitado aos seus discípulos, que soprando sobre eles disse: «Recebei o Espírito Santo» (v. 22). O sujeito principal da evangelização do mundo é Deus, através de Jesus Cristo; mas o próprio Cristo quis transmitir à Igreja a missão, e o fez e continua a fazê-lo até o fim dos tempos infundindo o Espírito Santo nos discípulos, o mesmo Espírito que repousou sobre Ele, e n’Ele permaneceu durante toda a vida terrena, dando-lhe a força de «proclamar a libertação aos cativos / e aos cegos a recuperação da vista; para libertar os oprimidos e para proclamar um ano da graça do Senhor» (Lc 4,18-19).
O Concílio Vaticano II não quis colocar a fé como tema de um documento específico. E, no entanto, o Concílio esteve inteiramente animado pela consciência e pelo desejo de ter que, por assim dizer, imergir mais uma vez no mistério cristão, para poder propô-lo novamente e eficazmente para o homem contemporâneo. Neste sentido, o Servo de Deus Paulo VI, dois anos depois da conclusão do Concílio, se expressava usando estas palavras: «Se o Concílio não trata expressamente da fé, fala da fé a cada página, reconhece o seu caráter vital e sobrenatural, pressupõe-na íntegra e forte, e estrutura as suas doutrinas tendo a fé por alicerce. Bastaria recordar [algumas] afirmações do Concílio (...) para dar-se conta da importância fundamental que o Concílio, em consonância com a tradição doutrinal da Igreja, atribui à fé, a verdadeira fé, que tem a Cristo por fonte e o Magistério da Igreja como canal» (Catequese na Audiência Geral de 8 de março de 1967). Até aqui, a citação de Paulo VI, em 1967.
Agora, porém, temos de voltar para aquele que convocou o Concílio Vaticano II e que o inaugurou: o Bem-Aventurado João XXIII. No Discurso de Abertura, ele apresentou a finalidade principal do Concílio usando estas palavras: «O que mais importa ao Concílio Ecumênico é o seguinte: que o depósito sagrado da doutrina cristã seja guardado e ensinado de forma mais eficaz. (...) Por isso, o objetivo principal deste Concílio não é a discussão sobre este ou aquele tema doutrinal... Para isso, não havia necessidade de um Concílio... É necessário que esta doutrina certa e imutável, que deve ser fielmente respeitada, seja aprofundada e apresentada de forma a responder às exigências do nosso tempo» (AAS 54 [1962], 790791-792). Até aqui, a citação do Papa João XIII, na inauguração do Concílio.
À luz destas palavras, entende-se aquilo que eu mesmo pude então experimentar: durante o Concílio havia uma tensão emocionante, em relação à tarefa comum de fazer resplandecer a verdade e a beleza da fé no hoje do nosso tempo, sem sacrificá-la frente às exigências do presente, nem mantê-la presa ao passado: na fé ecoa o eterno presente de Deus, que transcende o tempo, mas que só pode ser acolhida no nosso hoje, que não torna a repetir-se. Por isso, julgo que a coisa mais importante, especialmente numa ocasião tão significativa como a presente, seja reavivar em toda a Igreja aquela tensão positiva, aquele desejo ardente de anunciar novamente Cristo ao homem contemporâneo. Mas para que este impulso interior à nova evangelização não seja só um ideal e não peque de confusão, é necessário que ele se apoie sobre uma base de concreta e precisa, e esta base são os documentos do Concílio Vaticano II, nos quais este impulso encontrou a sua expressão. É por isso que repetidamente tenho insistido na necessidade de retornar, por assim dizer, à «letra» do Concílio - ou seja, aos seus textos - para também encontrar o seu verdadeiro espírito; e tenho repetido que neles se encontra a verdadeira herança do Concílio Vaticano II. A referência aos documentos protege dos extremos tanto de nostalgias anacrônicas como de avanços excessivos, permitindo captar a novidade na continuidade. O Concílio não excogitou nada de novo em matéria de fé, nem quis substituir aquilo que existia antes. Pelo contrário, preocupou-se em fazer com que a mesma fé continue a ser vivida no presente, continue a ser uma fé viva em um mundo em mudança.
Se nos colocarmos em sintonia com a orientação autêntica que o Bem-Aventurado João XXIII queria dar ao Vaticano II, poderemos atualizá-la ao longo deste Ano da Fé, no único caminho da Igreja que quer aprofundar continuamente a «bagagem» da fé que Cristo lhe confiou. Os Padres conciliares queriam voltar a apresentar a fé de uma forma eficaz, e se quiseram abrir-se com confiança ao diálogo com o mundo moderno foi justamente porque eles estavam seguros da sua fé, da rocha firme em que se apoiavam. Contudo, nos anos seguintes, muitos acolheram acriticamente a mentalidade dominante, questionando os próprios fundamentos do depositum fidei a qual infelizmente já não consideravam como própria diante daquilo que tinham por verdade.
Se a Igreja hoje propõe um novo Ano da fé e a nova evangelização, não é para prestar honras a uma efeméride, mas porque é necessário, ainda mais do que há 50 anos! E a resposta que se deve dar a esta necessidade é a mesma desejada pelos Papas e Padres conciliares e que está contida nos seus documentos. Até mesmo a iniciativa de criar um Concílio Pontifício para a Promoção da Nova Evangelização – ao qual agradeço o empenho especial para o Ano da fé – enquadra-se nessa perspectiva. Nos últimos decênios tem-se visto o avanço de uma "desertificação" espiritual. Qual fosse o valor de uma vida, de um mundo sem Deus, no tempo do Concílio já se podia perceber a partir de algumas páginas trágicas da história, mas agora, infelizmente, o vemos ao nosso redor todos os dias. É o vazio que se espalhou. No entanto, é precisamente a partir da experiência deste deserto, deste vazio, que podemos redescobrir a alegria de crer, a sua importância vital para nós homens e mulheres. No deserto é possível redescobrir o valor daquilo que é essencial para a vida; assim sendo, no mundo de hoje, há inúmeros sinais da sede de Deus, do sentido último da vida, ainda que muitas vezes expressos implícita ou negativamente. E no deserto existe, sobretudo, necessidade de pessoas de fé que, com suas próprias vidas, indiquem o caminho para a Terra Prometida, mantendo assim viva a esperança. A fé vivida abre o coração à Graça de Deus que liberta do pessimismo. Hoje, mais do que nunca, evangelizar significa testemunhar uma vida nova, transformada por Deus, indicando assim o caminho. A primeira Leitura falava da sabedoria do viajante (cf. Eclo 34,9-13): a viagem é uma metáfora da vida, e o viajante sábio é aquele que aprendeu a arte de viver e pode compartilhá-la com os irmãos - como acontece com os peregrinos no Caminho de Santiago, ou em outros caminhos de peregrinação que, não por acaso, estão novamente em voga nestes últimos anos. Por que tantas pessoas hoje sentem a necessidade de fazer esses caminhos? Não seria porque neles encontraram, ou pelo menos intuíram o significado do nosso estar no mundo? Eis aqui o modo como podemos representar este Ano da fé: uma peregrinação nos desertos do mundo contemporâneo, em que se deve levar apenas o que é essencial: nem cajado, nem sacola, nem pão, nem dinheiro, nem duas túnicas - como o Senhor exorta aos Apóstolos ao enviá-los em missão (cf. Lc 9,3), mas sim o Evangelho e a fé da Igreja, dos quais os documentos do Concílio Vaticano II são uma expressão luminosa, assim como é o Catecismo da Igreja Católica, publicado há 20 anos.
Venerados e queridos irmãos, no dia 11 de outubro de 1962, celebrava-se a festa de Santa Maria, Mãe de Deus. A Ela lhe confiamos o Ano da fé, tal como fiz há uma semana, quando fui, em peregrinação, a Loreto. Que a Virgem Maria brilhe sempre qual estrela no caminho da nova evangelização. Que Ela nos ajude a pôr em prática a exortação do Apóstolo Paulo: «A palavra de Cristo, em toda a sua riqueza, habite em vós. Ensinai e admoestai-vos uns aos outros, com toda a sabedoria... Tudo o que fizerdes, em palavras ou obras, seja feito em nome do Senhor Jesus. Por meio dele dai graças a Deus Pai» (Col 3,16-17). Amém.

Texto do Papa Bento XVI

TEXTO INÉDITO DO PAPA BENTO XVI
PUBLICADO POR OCASIÃO DO 50º ANIVERSÁRIO
DO INÍCIO DO CONCÍLIO VATICANO II

Foi um dia maravilhoso aquele 11 de Outubro de 1962 quando, com a entrada solene de mais de dois mil Padres conciliares na Basílica de São Pedro em Roma, se abriu o Concílio Vaticano II. Em 1931, Pio XI colocara no dia 11 de Outubro a festa da Maternidade Divina de Maria, em recordação do facto que mil e quinhentos anos antes, em 431, o Concílio de Éfeso tinha solenemente reconhecido a Maria esse título, para expressar assim a união indissolúvel de Deus e do homem em Cristo. O Papa João XXIII fixara o início do Concílio para tal dia com o fim de confiar a grande assembleia eclesial, por ele convocada, à bondade materna de Maria e ancorar firmemente o trabalho do Concílio no mistério de Jesus Cristo. Foi impressionante ver entrar os bispos provenientes de todo o mundo, de todos os povos e raças: uma imagem da Igreja de Jesus Cristo que abraça todo o mundo, na qual os povos da terra se sentem unidos na sua paz.
Foi um momento de expectativa extraordinária pelas grandes coisas que deviam acontecer. Os concílios anteriores tinham sido quase sempre convocados para uma questão concreta à qual deviam responder; desta vez, não havia um problema particular a resolver. Mas, por isso mesmo, pairava no ar um sentido de expectativa geral: o cristianismo, que construíra e plasmara o mundo ocidental, parecia perder cada vez mais a sua força eficaz. Mostrava-se cansado e parecia que o futuro fosse determinado por outros poderes espirituais. Esta percepção do cristianismo ter perdido o presente e da tarefa que daí derivava estava bem resumida pela palavra «actualização»: o cristianismo deve estar no presente para poder dar forma ao futuro. Para que pudesse voltar a ser uma força que modela o porvir, João XXIII convocara o Concílio sem lhe indicar problemas concretos ou programas. Foi esta a grandeza e ao mesmo tempo a dificuldade da tarefa que se apresentava à assembleia eclesial.
Obviamente, cada um dos episcopados aproximou-se do grande acontecimento com ideias diferentes. Alguns chegaram com uma atitude mais de expectativa em relação ao programa que devia ser desenvolvido. Foi o episcopado do centro da Europa – Bélgica, França e Alemanha – que se mostrou mais decidido nas ideias. Embora a ênfase no pormenor se desse sem dúvida a aspectos diversos, contudo havia algumas prioridades comuns. Um tema fundamental era a eclesiologia, que devia ser aprofundada sob os pontos de vista da história da salvação, trinitário e sacramental; a isto vinha juntar-se a exigência de completar a doutrina do primado do Concílio Vaticano I através duma valorização do ministério episcopal. Um tema importante para os episcopados do centro da Europa era a renovação litúrgica, que Pio XII já tinha começado a realizar. Outro ponto central posto em realce, especialmente pelo episcopado alemão, era o ecumenismo: o facto de terem suportado juntos a perseguição da parte do nazismo aproximara muito os cristãos protestantes e católicos; agora isto devia ser compreendido e levado por diante a nível de toda a Igreja. A isto acrescentava-se o ciclo temático Revelação-Escritura-Tradição-Magistério. Entre os franceses, foi sobressaindo cada vez mais o tema da relação entre a Igreja e o mundo moderno, isto é, o trabalho sobre o chamado «Esquema XIII», do qual nasceu depois a Constituição pastoral sobre a Igreja no mundo contemporâneo. Atingia-se aqui o ponto da verdadeira expectativa suscitada pelo Concílio. A Igreja, que ainda na época barroca tinha em sentido lato plasmado o mundo, a partir do século XIX entrou de modo cada vez mais evidente numa relação negativa com a era moderna então plenamente iniciada. As coisas deviam continuar assim? Não podia a Igreja cumprir um passo positivo nos tempos novos? Por detrás da vaga expressão «mundo de hoje», encontra-se a questão da relação com a era moderna; para a esclarecer, teria sido necessário definir melhor o que era essencial e constitutivo da era moderna. Isto não foi conseguido no «Esquema XIII». Embora a Constituição pastoral exprima muitas elementos importantes para a compreensão do «mundo» e dê contribuições relevantes sobre a questão da ética cristã, no referido ponto não conseguiu oferecer um esclarecimento substancial.
Inesperadamente, o encontro com os grandes temas da era moderna não se dá na grande Constituição pastoral, mas em dois documentos menores, cuja importância só pouco a pouco se foi manifestando com a recepção do Concílio. Trata-se antes de tudo da Declaração sobre a liberdade religiosa, pedida e preparada com grande solicitude sobretudo pelo episcopado americano. A doutrina da tolerância, tal como fora pormenorizadamente elaborada por Pio XII, já não se mostrava suficiente face à evolução do pensamento filosófico e do modo se concebia como o Estado moderno. Tratava-se da liberdade de escolher e praticar a religião e também da liberdade de mudar de religião, enquanto direitos fundamentais na liberdade do homem. Pelas suas razões mais íntimas, tal concepção não podia ser alheia à fé cristã, que entrara no mundo com a pretensão de que o Estado não poderia decidir acerca da verdade nem exigir qualquer tipo de culto. A fé cristã reivindicava a liberdade para a convicção religiosa e a sua prática no culto, sem com isto violar o direito do Estado no seu próprio ordenamento: os cristãos rezavam pelo imperador, mas não o adoravam. Sob este ponto de vista, pode-se afirmar que o cristianismo, com o seu nascimento, trouxe ao mundo o princípio da liberdade de religião. Todavia a interpretação deste direito à liberdade no contexto do pensamento moderno ainda era difícil, porque podia parecer que a versão moderna da liberdade de religião pressupusesse a inacessibilidade da verdade ao homem e, consequentemente, deslocasse a religião do seu fundamento para a esfera do subjectivo. Certamente foi providencial que, treze anos depois da conclusão do Concílio, tivesse chegado o Papa João Paulo II de um país onde a liberdade de religião era contestada pelo marxismo, ou seja, a partir duma forma particular de filosofia estatal moderna. O Papa vinha quase duma situação que se parecia com a da Igreja antiga, de modo que se tornou de novo visível o íntimo ordenamento da fé ao tema da liberdade, sobretudo a liberdade de religião e de culto.
O segundo documento, que se havia de revelar depois importante para o encontro da Igreja com a era moderna, nasceu quase por acaso e cresceu com sucessivos estratos. Refiro-me à declaração Nostra aetate, sobre as relações da Igreja com as religiões não-cristãs. Inicialmente havia a intenção de preparar uma declaração sobre as relações entre a Igreja e o judaísmo – um texto que se tornou intrinsecamente necessário depois dos horrores do Holocausto (shoah). Os Padres conciliares dos países árabes não se opuseram a tal texto, mas explicaram que se se queria falar do judaísmo, então era preciso dedicar também algumas palavras ao islamismo. Quanta razão tivessem a este respeito, só pouco a pouco o fomos compreendendo no ocidente. Por fim cresceu a intuição de que era justo falar também doutras duas grandes religiões – o hinduísmo e o budismo – bem como do tema da religião em geral. A isto se juntou depois espontaneamente uma breve instrução relativa ao diálogo e à colaboração com as religiões, cujos valores espirituais, morais e socioculturais deviam ser reconhecidos, conservados e promovidos (cf. n. 2). Assim, num documento específico e extraordinariamente denso, inaugurou-se um tema cuja importância na época ainda não era previsível. Vão-se tornando cada vez mais evidentes tanto a tarefa que o mesmo implica como a fadiga ainda necessária para tudo distinguir, esclarecer e compreender. No processo de recepção activa, foi pouco a pouco surgindo também uma debilidade deste texto em si extraordinário: só fala da religião na sua feição positiva e ignora as formas doentias e falsificadas de religião, que têm, do ponto de vista histórico e teológico um vasto alcance; por isso, desde o início, a fé cristã foi muito crítica em relação à religião, tanto no próprio seio como no mundo exterior.
Se, ao início do Concílio, tinham prevalecido os episcopados do centro da Europa com os seus teólogos, nas sucessivas fases conciliares o leque do trabalho e da responsabilidade comuns foi-se alargando cada vez mais. Os bispos reconheciam-se aprendizes na escola do Espírito Santo e na escola da colaboração recíproca, mas foi precisamente assim que se reconheceram servos da Palavra de Deus que vivem e trabalham na fé. Os Padres conciliares não podiam nem queriam criar uma Igreja nova, diversa. Não tinham o mandato nem o encargo para o fazer: eram Padres do Concílio com uma voz e um direito de decisão só enquanto bispos, quer dizer em virtude do sacramento e na Igreja sacramental. Então não podiam nem queriam criar uma fé diversa ou uma Igreja nova, mas compreendê-las a ambas de modo mais profundo e, consequentemente, «renová-las» de verdade. Por isso, uma hermenêutica da ruptura é absurda, contrária ao espírito e à vontade dos Padres conciliares.
No cardeal Frings, tive um «pai» que viveu de modo exemplar este espírito do Concílio. Era um homem de significativa abertura e grandeza, mas sabia também que só a fé guia para se fazer ao largo, para aquele horizonte amplo que resta impedido ao espírito positivista. É esta fé que queria servir com o mandato recebido através do sacramento da ordenação episcopal. Não posso deixar de lhe estar sempre grato por me ter trazido – a mim, o professor mais jovem da Faculdade teológica católica da universidade de Bonn – como seu consultor na grande assembleia da Igreja, permitindo que eu estivesse presente nesta escola e percorresse do interior o caminho do Concílio. Este livro reúne os diversos escritos, com os quais pedi a palavra naquela escola; trata-se de pedidos de palavra totalmente fragmentários, dos quais transparece o próprio processo de aprendizagem que o Concílio e a sua recepção significaram e ainda significam para mim. Em todo o caso espero que estes vários contributos, com todos os seus limites, possam no seu conjunto ajudar a compreender melhor o Concílio e a traduzi-lo numa justa vida eclesial. Agradeço sentidamente ao arcebispo Gerhard Ludwig Müller e aos colaboradores do Institut Papst Benedikt XVI pelo extraordinário compromisso que assumiram para realizar este livro.
Castel Gandolfo, na memória do bispo Santo Eusébio de Vercelas, 2 de Agosto de 2012.

BENTO XVI

quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Itinerário de reflexão para catequistas


Já está disponível uma proposta de itinerário de reflexão e oração para as reuniões de catequistas, ao longo do ano pastoral 2012-2013, a partir da nota pastoral «O Tesouro da Fé, Dom para Todos» de D. António Marto.

O documento pode ser descarregado AQUI.
Ver artigo original

terça-feira, 9 de outubro de 2012

Catequese: Jornadas Nacionais mostraram comunidades empenhadas na transmissão da fé

Projetos experimentais de catequese familiar mereceram «nota positiva» num encontro que sublinhou necessidade de reforçar conhecimentos dos pais


Fátima, Santarém, 08 out 2012 (Ecclesia) – As Jornadas Nacionais de Catequese (JNC), que se realizaram entre sexta-feira e domingo em Fátima, mostraram que as comunidades cristãs estão empenhadas na educação religiosa das suas crianças.
Em entrevista concedida hoje à Agência ECCLESIA, o diretor do Secretariado Nacional da Educação Cristã (SNEC) destaca “a riqueza dos testemunhos” deixados pelos pais que estão a participar nos projetos experimentais de “catequese familiar”.
“Eles sentem necessidade de se envolver, sabem que está aqui também um caminho para a educação integral dos seus filhos e algo que vem responder a muitas das suas inquietações”, sustenta o diácono Acácio Lopes.
Subordinadas ao tema “Da Catequese Familiar à Catequese Intergeracional”, as JNC reuniram no auditório do Centro Paulo VI cerca de 700 pessoas, que deram “nota positiva” a “um novo modelo pedagógico” onde o sujeito da catequese “deixou de ser a criança e passou a ser a família”.
De acordo com o diretor do SNEC, o processo iniciado há cerca de um ano tem contado com a participação de “pais, avós, padrinhos e inclusivamente casais que, embora separados, querem mergulhar nesta nova dinâmica”.
O lançamento da catequese familiar e intergeracional em diversas paróquias-piloto, um pouco por todo o país, permitiu ainda “chamar para o centro das questões” agregados familiares que “devido ao atual ambiente social, se sentem muito abandonados e sozinhos”, salienta o diácono Acácio Lopes.
“A propósito da catequese familiar”, acrescenta, a Igreja Católica “está também a construir uma catequese de adultos, dinâmica em que os conteúdos doutrinários são arrastados para a família toda”.
Do lado dos catequistas, as opiniões recolhidas mostraram que, ao contrário de projetos anteriores, “que levaram a um certo fracasso”, desta vez escolheu-se um rumo “certo” e “há um grande caminho para andar”, frisa o responsável pelo SNEC.
Marcadas pela ideia de que a fé não nasce a partir da simples transmissão de conteúdos mas através de um testemunho sólido, as JNC mostraram também a necessidade de reforçar as bases e os conhecimentos dos pais e restantes encarregados de educação.
Segundo Isabel Oliveira, que durante o evento apresentou uma conferência sobre “Catequese Intergeracional – como adotar uma metodologia de projeto nas paróquias”, a “maior parte deles tem apenas uma religiosidade popular, muito ainda de tradições sem ter um substrato e um fundamento evangélico”.
“É preciso ajudar a família a ser ela própria educadora na fé, integrando-a de forma progressiva no grupo de catequese e propondo experiências de fé e de vida, quer de oração, quer de interajuda na comunidade, quer de conhecimentos entre pais e filhos”, conclui.
JCP/PTE 


Artigo retirado de  http://www.agencia.ecclesia.pt/cgi-bin/noticia.pl?tpl=&id=92768

Curso de Iniciação

Curso de Iniciação Intensivo


O Serviço Diocesano de Catequese e as Missionárias Reparadoras do Sagrado Coração de Jesus (Centro Catequético – Fátima) organizam o Curso de Iniciação de Catequistas a realizar, de forma intensiva, em 3 fins-de-semana, dirigido a todos os catequistas que principiam a sua formação de base, da diocese de Leiria-Fátima ou de outras dioceses.

As sessões decorrem no Centro Catequético, em Fátima, a 3 e 4 de Novembro e 1 e 2 de Dezembro de 2012, e a 5 e 6 de Janeiro de 2013, aos Sábados das 9h00 às 18h00, e aos Domingos das 9h00 às 17h00.

A formação, para além da componente teórica, procura desenvolver a dimensão prática da preparação, realização e avaliação de um encontro de catequese. Alia também a dimensão espiritual, de vivência de fé, de partilha de experiências e trabalho em grupo. 

A ficha de inscrição com informações complementares encontra-se AQUI
O programa completo pode ser visto AQUI.