SÓ TU...!
Nós cristãos não somos
masoquistas, quer dizer, não sentimos prazer no sofrimento. Entretanto
calcula-se que, no ano passado, cerca de 100 000 pessoas foram vítimas da
perseguição por serem cristãs, testemunhando assim, com a vida, a sua fé em
Jesus Cristo crucificado e ressuscitado!
1.TEMOS “ÃNSIAS” DE
DEUS
- O salmo 62 (ou 63, conforme a contagem
usada) manifesta de forma extraordinária esse movimento da
alma humana para o alto, a que os teólogos e filósofos chama a “transcendência”, que quer dizer que o
ser humano não cabe em si próprio.
- O ser humano, mesmo com asas de barro tem ânsias de infinito... (há a lenda de Ícaro em que as
asas eram de cera, mas ao aproximar-se do sol, as coisas não correram bem...).
-O nosso ADN (a nossa natureza) atira-nos para lá de nós próprios.
- Por isso, rezamos com o salmo: “A
minha alma tem sede de Vós... porque
Vos tornastes o meu refúgio... a vossa mão me serve de amparo”.
2.RECONHECEMOS O
ÚNICO MESSIAS
- A nossa fé cristã é o encontro
entre dois movimentos: Deus que procura o ser humano no jardim da história, nos
enigmas de um paraíso perdido...
- E o ser humano que, tantas vezes sem o saber, procura Deus como o único que pode responder aos anseios mais altos
do coração humano.
- O ponto de confluência destes dois movimentos tem um Rosto, a quem Pedro chama “o Messias de Deus”.
- A palavra “Messias” liga-se ao
facto de que Jesus, além de enviado, é o Filho de Deus. Significa “ungido” e em
grego traduz-se por “Cristo”.
- O caminho “messiânico” assumido por Jesus é o caminho da cruz, em que se
concretizam as profecias do Antigo Testamento, como a do profeta Zacarias: “Naquele dia jorrará uma nascente”, sangue e água do coração
aberto por amor!
3.ABRAÇAR A CRUZ,
POR AMOR
- Dizer que acredito que há Alguém acima ainda não
é fé cristã (resposta da maioria dos “famosos”), embora possa representar uma
certa abertura.
- Reconhecer o Rosto
de Jesus como o enviado, o único salvador, é o primeiro passo da fé verdadeira,
dizendo como Pedro: “Tu és o Messias de Deus”.
- Saber que esse Rosto é o nosso tesouro, a nossa alegria e experimentar
como é verdadeira a alegria que d’Ele nos vem é já começar a viver a fé.
- Mais ainda, descobrir que a cruz de Jesus
constitui as “verdadeiras asas” que nos levam ao infinito é já ter uma fé que
não esmorece diante das dificuldades.
- Abraçar a
cruz de cada dia, em que a súplica pela ajuda se mistura com a oferta de si
mesmo, é reviver em nós a experiência de grandes santos, que viam em qualquer
dor uma possibilidade de um novo encontro com o Rosto abandonado de Jesus, um
encontro transformador e ressuscitador.
- Abraçar a cruz em qualquer sofrimento que nos aparece, pequeno ou grande, é dizer: “És Tu,
Senhor, o meu único bem”.
- Oferecer o esforço que fazemos em deixar tudo o
que é mal e egoísmo, para fazermos apenas o
bem que agrada a Deus é também tomar a própria cruz!.
- Amar o Rosto de Jesus abandonado em qualquer cruz
é poder dizer: “Por Ti”!
Nesta semana, pensemos que, seja qual for o nosso sofrimento,
podemos sempre reconhecer aí a presença de um Rosto abandonado. Assim, olhando
a cruz, depois de dizer: “És Tu...”, posso sempre acrescentar: “Por Ti,
Senhor”!
P.Cardoso