sábado, 28 de junho de 2014

A Eucaristia


Festa de S. Pedro e S. Paulo

DUAS COLUNAS (BI)MILENARES

- Na nossa vida, há experiências únicas. Tive a oportunidade inesperada de visitar um dia o túmulo de S. Pedro (7 de Maio de 2003). Aí está um pequeno monumento do século I, a 11 metros de profundidade em relação ao chão da atual Basílica de S. Pedro… Foi um momento único… De facto, a nossa fé é um dom de Deus, mas ela assenta também em factos históricos, em pessoas concretas.
-  Em Roma, pode-se visitar o túmulo de S. Paulo, na Basílica com o seu nome.
- No arco da capela das Pedrosas, estão os dois pintados, um de cada lado! Estas pinturas mereceram um artigo no nosso jornal diocesano de há uma semana. A nossa igreja tem um painel de S. Pedro, com uma grande chave!

1. OS ESTILOS DE PEDRO E PAULO
- Pedro é representado habitualmente com as chaves, por alusão à passagem evangélica, em que o Senhor lhe diz: “dar-te-ei as chaves do Reino dos Céus…”
-  Paulo é representado pela espada: ele é o apostolo da Palavra (“a Palavra é como uma espada de dois gumes”- dirá) e porque morreu à espada…
-  O que é que os distingue: o seu estilo pessoal. Paulo é um verdadeiro intelectual do tempo, uma pessoa muito preparada a nível filosófico e bíblico, além disso muito radical, não tinha nada de meias medidas. Como judeu, zeloso e até violento para com aqueles que ele achava que estavam a estragar a religião de Moisés. Depois da conversão, nunca olha a esforços ou perigos para anunciar o Evangelho. Com Barnabé, sente-se enviados ao mundo grego da altura.
-  Pedro é um homem simples, muito humilde, ás vezes parece um pouco trapalhão. Porém, muito decidido: deixa tudo para seguir o Mestre (tudo é mesmo tudo: família, trabalho, casa, amigos…), decidido a dizer o que lhe vai na alma e quando todos se calam, ele fala por todos. Não consegue chegar até à cruz, mas tenta… e vive-a à sua maneira!
-  Pedro é o primeiro Papa. Faz a primeira pregação da Igreja no dia de Pentecostes. A sua função é salvar a unidade da Igreja, na fé e na caridade.

2. DOIS ALICERCES DA IGREJA
-  Há um aspeto que os une: ambos amam apaixonadamente o Senhor. Ambos se sentem disponíveis para ir até ao fim do mundo. Ambos prontos para dar a vida pelo Senhor. Não temem, por isso, qualquer obstáculo ou perigo ou ameaça…
-  O amor não teme o esforço e mesmo o sacrifício por quem se ama. No diálogo de Jesus com Pedro, sobressaem duas coisas interessantes:
-  A fé é sobretudo uma questão de amor (não de cultura ou raciocínio…)
-  Pedro precisa de Jesus e de que Ele o aceite de novo, dando-lhe a possibilidade de apagar as três negações com três declarações: “tu bem sabes que eu Te amo”.
-  Porém, Jesus precisa de Pedro, não de um anjo, mas de alguém de carne e osso, que, mesmo fraco, tem no coração um amor imenso por Jesus.
-  Nós precisamos de amar a Jesus, como Pedro e Paulo e os verdadeiros cristãos de todos os tempos. Cristo Ressuscitado é o segredo da vida, dá-nos força para enfrentarmos as nossas noites… Sem ele nada, com Ele, tudo é possível.
-  Mas, ao mesmo tempo, não podemos recusar a Igreja constituída por seres humanos como nós, mas com Cristo no centro e a presença do Espírito Santo. Devemos aceitar a Igreja que Pedro e Paulo sustêm com o seu zelo, com o seu exemplo, com o seu testemunho de martírio e com a sua intercessão…
-  Aceitar a Igreja é aceitar Cristo (“quem vos ouve a Mim ouve”). Aceitar Cristo é dizer-lhe, em cada dia: “Tu és para mim o Senhor, o Filho de Deus vivo. Ajuda -me, Senhor, a amar-Te como te amaram Pedro e  Paulo”.

 Pe. Cardoso