quinta-feira, 29 de novembro de 2012

É TEMPO DE ADVENTO


Espaço para preparar o coração,
retirar as pedras que pesam lá dentro
e enchê-lo de ternura, paz e compaixão.
Esquecer o egoísmo que todos mata
lembrando que Jesus é a verdade,
Ele abre-nos o caminho da vida eterna
e sendo um de nós salva-nos para a felicidade.
João diz que as sandálias Lhe não desata
apenas baptiza com água do Jordão,
no entanto tal como Isaías, o terreno prepara
para Aquele que devolve à humanidade o perdão.
Chegou o momento para pensar
que Jesus, o Messias, já está no meio de nós,
por vezes ignoramo-lo e esquecemos valores
o que nos empobrece e deixa mais sós.
O mundo acelerado em que vivemos
busca, anseia algo, procura encontrar…
mas talvez a resposta esteja bem perto
o dar a mão, um sorriso … enfim AMAR.
Flor da Vida

domingo, 25 de novembro de 2012

Santuário de Fátima lança o tema para o novo ano


Ontem decorreu em Fátima a apresentação do cartaz com a temática do novo ano pastoral.
Ver mais informação e materiais úteis em em http://www.fatima2017.org/.




Abriu também a exposição temática - Ser, o segredo do coração.

Catequeses propostas pelo santuário para aprofundar a temática do ano.

http://www.fatima2017.org/pt/menu-topo/textos-e-documentos/catequese

sábado, 24 de novembro de 2012

XXXIV Domingo Comum – B

A VOZ DO REI !


0. “Era uma vez um rei... Muitas histórias começam assim. O imaginário da realeza está no nosso subconsciente. Facilmente criamos um cenário onde há um Rei ou um príncipe, uma rainha, as damas, uma princesa, os cavaleiros! O que tem isto a ver com a solenidade de Cristo Rei do Universo?

1. COMO UM “FILHO DE HOMEM”
- O Livro de Daniel usa a linguagem apocalíptica, com símbolos e visões.
- Esta é, no entanto, uma visão especial. Diz respeito a um filho do homem, expressão algo misteriosa e que se refere a alguém que é humano, mas, ao mesmo tempo está muito “próximo” de Deus. É o único título que Jesus aplicará a Si próprio!
- O Reino desse Personagem (mistério) é universal, pois “todos os povos o serviram”. E será um Reino eterno, que “não passará jamais” e “não será destruído”.
- Vemos que esta passagem (escrita pelo século II a.C.) funciona como profecia, pois há Alguém em que se cumpre tudo na perfeição: Jesus Cristo!
- A expressão “filho do homem” tem uma consequência imediata: reconhecer em Jesus Cristo o Filho de Deus que assumiu a nossa humanidade.
- Ao mesmo tempo, contém já uma certa visão messiânica: Jesus, o Messias, à maneira do “filho do homem” escolhe o caminho da humildade e do despojamento.

2. COMO O “PRÍNCIPE DOS REIS”
- “O Príncipe dos reis da terra”.  Aquele que, segundo o Apocalipse (nos finais do séc. I d.C.), é o “Príncipe dos reis da terra”, é Jesus Cristo, o único Mediador e Salvador.
- Embora Jesus não responda diretamente à pergunta curiosa de Pilatos, aceita que é Rei, na medida em que lhe coloca uma outra questão: “É por ti que o dizes?” Logo a seguir, usa a expressão “o meu Reino”. Por fim, confirma mesmo: “Sou Rei”.
- O Seu Reino não é deste mundo... É um Reino diferente dos terrenos! O seu Reino começa já aqui na terra, mas deverá atingir a plenitude “para lá do tempo”.
- Num tempo em que tantos ídolos se colocam à nossa frente à espera que os adoremos: o dinheiro, o prazer transformado em absoluto, o orgulho social que de tudo se serve para se afirmar; somos convidados pela Palavra a olhar para este “Rei santo” como o único que vem abrir um destino feliz para o ser humano!
- Ele é o único que “tem um poder eterno” (Salmo: “cingiu-se de poder... por todo o sempre”) e, por isso, é o único a Quem vale a pena entregar a própria vida e em Quem podemos plenamente confiar.
- A casa de John, nos Camarões é assaltada. Não encontram dinheiro e um com uma faca ameaça matar a irmã mais nova se não lhe derem dinheiro. John grita-lhe: “Tu não podes fazer isso, em ti está Jesus”. O bandido olha espantado, depois põe no chão a irmã e sai com o companheiro sem levar nada! (Cf Uma Boa Notícia, 54).

3.COMO AQUELE QUE AMA
- “Àquele que nos ama e, pelo seu sangue nos libertou...”. Ele é “Aquele que nos ama”, derramando em nós o amor do Pai, pelo Espírito que nos concede constantemente!
- Ele é o Alfa e o Ómega (o A e o Z!), o princípio e o fim. Ele é o “que é, que era e que há-de vir”. Quer dizer, o princípio, o fim, mas também o agora salvador!
- É um reino ao serviço da verdade, que só entende quem anda à procura da verdade... E só experimenta quem escuta a voz deste Rei e se deixa tocar por ela!
- Um Reino cuja lei principal é o amor... amor manifestado de forma suprema na entrega da vida, que Jesus, diante de Pilatos, está para consumar!
- Um Reino construído na justiça e na caridade...
- Jesus quer conduzir a todos, através de nós, à verdade que é Ele. Precisamos de ser, com a nossa vida, como que “amplificadores” da sua voz!

Nesta semana:
Ajudemo-nos uns aos outros a escutar essa voz, que é a voz de “Jesus Rei”. Como a nossa vida será diferente se nos habituarmos a escutar a sua voz em cada momento!

P. Cardoso

sábado, 17 de novembro de 2012

XXXIII Domingo do Tempo Comum

A liturgia do 33º Domingo do Tempo Comum apresenta-nos, fundamentalmente, um convite à esperança. Convida-nos a confiar nesse Deus libertador, Senhor da história, que tem um projecto de vida definitiva para os homens. Ele vai – dizem os nossos textos – mudar a noite do mundo numa aurora de vida sem fim.

A primeira leitura anuncia aos crentes perseguidos e desanimados a chegada iminente do tempo da intervenção libertadora de Deus para salvar o Povo fiel. É esta a esperança que deve sustentar os justos, chamados a permanecerem fiéis a Deus, apesar da perseguição e da prova. A sua constância e fidelidade serão recompensadas com a vida eterna.

A segunda leitura lembra que Jesus veio ao mundo para concretizar o projecto de Deus no sentido de libertar o homem do pecado e de o inserir numa dinâmica de vida eterna. Com a sua vida e com o seu testemunho, Ele ensinou-nos a vencer o egoísmo e o pecado e a fazer da vida um dom de amor a Deus e aos irmãos. É esse o caminho do mundo novo e da vida definitiva.

No Evangelho, Jesus garante-nos que, num futuro sem data marcada, o mundo velho do egoísmo e do pecado vai cair e que, em seu lugar, Deus vai fazer aparecer um mundo novo, de vida e de felicidade sem fim. Aos seus discípulos, Jesus pede que estejam atentos aos sinais que anunciam essa nova realidade e disponíveis para acolher os projectos, os apelos e os desafios de Deus.

sábado, 10 de novembro de 2012

Comentário do XXXII COMUM Ano B


"Ela, na sua pobreza, ofereceu tudo o que tinha, tudo o que possuia para viver.” Mc 12, 44

Tal qual uma castanha

As voltas do calendário colocaram este ano o dia de São Martinho neste domingo em que os gestos de duas mulheres pobres da Bíblia são apontados como exemplo. A viúva de Sarepta que oferece tudo o que lhe restava de farinha e azeite ao profeta Elias, e aquela que Jesus vê colocar duas pequenas moedas no tesouro do Templo. Pessoas e gestos tão pequenos, como o de Martinho a cortar a capa para agasalhar um pobre, e que nos falam tanto de gratuidade, simplicidade e verdade. São os gestos com que Deus conta para mudar os nossos corações e até o mundo, os que falam mais do que mil discursos, e denunciam toda a religiosidade que não leva à descoberta da dignidade humana.
Como a castanha cuja casca se parte com o calor para oferecer o fruto saboroso e quente, o gesto de Martinho tornou-se paradigma de uma verdadeira caridade. Uma capa grande, por mais bonita e rica que seja, se puder abrigar dois, não deve pertencer só a um. Tirar consequências deste milagre da partilha não pode justificar preguiças ou inércias, mas conduz a uma justa redistribuição das riquezas. Como são corajosas as palavras de São Basílio (330-379): “"O pão que para ti sobra é o pão do faminto. A roupa que guardas mofando é a roupa de quem está nu. Os sapatos que não usas são os sapatos dos que andam descalços. O dinheiro que escondes é o dinheiro do pobre. As obras de caridade que não praticas são outras tantas injustiças que cometes. Quem acumula mais que o necessário pratica crime"! Porque, se existe a miséria da pobreza também existe o escândalo do excesso, se existe o drama de quem nada tem por não haver trabalho também existe a indignidade de quem tudo tem sem trabalhar. Ou então a trabalhar explorando outros, enriquecendo à custa de tantas misérias.
Já sabemos por onde se move Jesus. Nem fama, nem poder, nem ostentação o atraem. Fala da religião como serviço e denuncia o oportunismo dos seus dirigentes, “põe” Deus ao alcance de todos e apresenta uma viúva como modelo de entrega e confiança em Deus. Não deixou tratados de economia mas deu ao amor horizontes infinitos e concretos de realização. S. Martinho teve uma vida cheia de apostolado, fundou mosteiros, visitava as comunidades e atendia os pobres, e morreu aos oitenta e um anos a dizer: “Senhor, se o vosso povo precisa de mim, não vou fugir do trabalho.” Mas sempre o reconheceremos com a espada a cortar a sua bela capa e a dá-la a um pobre que morria de frio. De quantas fomes e frios padecem os homens e mulheres nossos irmãos? E não teremos uma capa que possa ser cortada ou um pouco de farinha na panela para fazer um pãozinho? Não resolveremos tudo, mas talvez seja esse o segredo: se cada um fizer o que pode, as grandes mudanças acontecem. Até um punhado de castanhas e um copito de vinho, partilhado com amizade, é um milagre inesperado!         
P. Vitor Gonçalves 
Voz da Verdade 11.11.2012

32º Domingo do Tempo Comum


A liturgia do 32º Domingo do Tempo Comum fala-nos do verdadeiro culto, do culto que devemos prestar a Deus. A Deus não interessam grandes manifestações religiosas ou ritos externos mais ou menos sumptuosos, mas uma atitude permanente de entrega nas suas mãos, de disponibilidade para os seus projectos, de acolhimento generoso dos seus desafios, de generosidade para doarmos a nossa vida em benefício dos nossos irmãos.

A primeira leitura apresenta-nos o exemplo de uma mulher pobre de Sarepta, que, apesar da sua pobreza e necessidade, está disponível para acolher os apelos, os desafios e os dons de Deus. A história dessa viúva que reparte com o profeta os poucos alimentos que tem, garante-nos que a generosidade, a partilha e a solidariedade não empobrecem, mas são geradoras de vida e de vida em abundância.

O Evangelho diz, através do exemplo de outra mulher pobre, de outra viúva, qual é o verdadeiro culto que Deus quer dos seus filhos: que eles sejam capazes de Lhe oferecer tudo, numa completa doação, numa pobreza humilde e generosa (que é sempre fecunda), num despojamento de si que brota de um amor sem limites e sem condições. Só os pobres, isto é, aqueles que não têm o coração cheio de si próprios, são capazes de oferecer a Deus o culto verdadeiro que Ele espera.

A segunda leitura oferece-nos o exemplo de Cristo, o sumo-sacerdote que entregou a sua vida em favor dos homens. Ele mostrou-nos, com o seu sacrifício, qual é o dom perfeito que Deus quer e que espera de cada um dos seus filhos. Mais do que dinheiro ou outros bens materiais, Deus espera de nós o dom da nossa vida, ao serviço desse projecto de salvação que Ele tem para os homens e para o mundo.

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sábado, 3 de novembro de 2012

XXXI Domingo Comum – B

A LEI DO REINO

0. Fala-se de revisão da Constituição. Qual a lei fundamental do Reino de Deus?

1. AMOR COMO SALVAÇÃO
- "Jesus possui um sacerdócio eterno... sacerdote perfeito para sempre”.
- Temos ainda no ouvido a música do evangelho segundo S. João, que diz que Deus amou de tal modo o mundo que enviou o próprio Filho.
- Jesus vem como revelador do amor infinito de Deus, mas não de um amor qualquer, Ele é o comunicador de um amor que salva.
- Por isso, Ele é sacerdote eterno e perfeito, na expressão da Carta aos Hebreus. Ele vem como Mediador entre Deus e os homens e ofereceu-Se “de uma vez para sempre”.
- Os Sacramentos da Igreja tornam presente, para nós, o fruto dessa entrega salvadora, mormente a Eucaristia que renova a própria Páscoa do Senhor.
- O trabalho da  nossa liberdade consiste em aceitar a oferta salvadora de Cristo.
- Como havemos de responder a tal amor sem medida?

2. AMOR OU TEMOR ?
- Na verdade, um dos dons do Espírito Santo, como foram elencados pela Tradição (prática ininterrupta de fé e vida da Igreja), fala do “Temor de Deus”.
- A primeira leitura, do capítulo 6 do Deuteronómio, começa por recomendar: “Temerás o Senhor teu Deus”!
- Será a resposta ao amor infinito de Deus o temor e o medo de Deus?
- Porém, ainda segundo S. João, “o amor lança fora o temor” !
- O temor de Deus é assim como aquele temor respeitoso que leva alguém a ter tanta vontade de agradar à pessoa amada, que “teme” desagradar-lhe.
- Teme ficar triste, uma vez que a sua alegria está em agradar.
- Foi assim que alguns santos interpretaram este “temor” como o zelo em não ofender a Deus com o pecado e, ao mesmo tempo, amá-l’O “de todo o coração”.
- Aqui se inserem as palavras de Nossa Senhora, em Fátima: “Não ofendam mais a Deus nosso Senhor, que já está muito ofendido”.

3.A LEI DO NOVO REINO
- Naturalmente que, para darmos alegria a Deus, não basta evitar o mal, pois aí teríamos o caso da chamada omissão.
- É preciso que cada um de nós faça a experiência de O amar verdadeiramente.
- A partir do Evangelho, o amor a Deus já não se entende como algo intimista, que possa viver cada um para si.
- Isto porque Jesus integra no amor a Deus o amor ao irmão, fazendo de dois um só mandamento.
- Assim, ama a Deus quem ama o irmão que vê e ama verdadeiramente os irmãos quem o faz “em nome de Deus”.
- Quanto mais amo a Deus mais amo o irmão. Quanto mais amo o irmão mais me sinto perto de Deus.
- Para isso, como ensinam alguns místicos do nosso tempo, é preciso amar os outros como irmãos e irmãs, mas não por mim, nem sequer apenas por eles (só amaríamos os que fossem amáveis), mas por Jesus.

Nesta semana:
- Amar a Deus e ao próximo, amar a Deus amando os irmãos, por Jesus!


P. Cardoso

quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Vaticano: Bento XVI diz que mundo atual precisa de santos

Papa explicou solenidade anual do 1 de novembro, perante milhares de pessoas




Centro Televisivo do Vaticano

Cidade do Vaticano, 01 nov 2012 (Ecclesia) – Bento XVI afirmou hoje no Vaticano que o mundo atual “precisa de santos” e explicou o sentido da solenidade litúrgica dedicada a todas estas figuras, “conhecidas e desconhecidas”, na Igreja Católica.
“O nosso tempo precisa de santos e os santos mostram-nos, de muitas maneiras, como podemos viver o Evangelho hoje e como podemos ser sinais luminosos do amor de Deus”, disse o Papa, em alemão, perante milhares de pessoas reunidas para a oração do Angelus na Praça de São Pedro.
Na celebração anual de Todos os Santos, feriado nacional em Portugal pela última vez, nos próximos cinco anos, Bento XVI precisou que a data faz “memória” não só dos fiéis que a Igreja canonizou “mas também de todos os santos e santas que só Deus conhece”.
O Papa sublinhou que a solenidade [categoria mais importante das celebrações do calendário católico] recorda “a vitória do amor sobre o egoísmo e sobre a morte”.
“Seguir Cristo leva à vida, à vida eterna, e dá sentido ao presente, a cada momento que passa, porque o preenche de amor, de esperança: só a fé na vida eterna nos faz amar verdadeiramente a história e o presente”, acrescentou.
Falando num “duplo horizonte da humanidade”, entre a terra e o céu, Bento XVI defendeu que a união a Cristo, na Igreja, “não anula a personalidade, mas abre-a, transforma-a com a força do amor e confere-lhe, já nesta terra, uma dimensão eterna”.
“Na festa de hoje podemos saborear antecipadamente a beleza desta vida de total abertura ao olhar de amor de Deus e dos irmãos”, complementou.
O Papa despediu-se com uma referência à comemoração dos fiéis defuntos, convidando os presentes a uma “fé plena de esperança”.
Bento XVI vai presidir esta sexta-feira a uma cerimónia nas Grutas do Vaticano, pelas 18h00 (menos uma em Lisboa), com um momento de oração pelos Papas que já morreram.
No sábado, pelas 11h30 locais, o Papa vai celebrar uma missa na Basílica de São Pedro em sufrágio pelos cardeais e bispos falecidos ao longo do último ano.
OC

Artigo retirado da Ecclesia

Dia de Todos os Santos

MENSAGEM

As “bem-aventuranças” são fórmulas relativamente frequentes na tradição bíblica e judaica. Aparecem, quer nos anúncios proféticos de alegria futura (cf. Is 30,18; 32,20; Dn 12,12), quer nas acções de graças pela alegria presente (cf. Sl 32,1-2; 33,12; 84,5.6.13), quer nas exortações a uma vida sábia, reflectida e prudente (cf. Prov 3,13; 8,32.34; Sir 14,1-2.20; 25,8-9; Sl 1,1; 2,12; 34,9). Contudo, elas definem sempre uma alegria oferecida por Deus.
As “bem-aventuranças” evangélicas devem ser entendidas no contexto da pregação sobre o “Reino”. Jesus proclama “bem-aventurados” aqueles que estão numa situação de debilidade, de pobreza, porque Deus está a ponto de instaurar o “Reino” e a situação destes “pobres” vai mudar radicalmente; além disso, são “bem-aventurados” porque, na sua fragilidade, debilidade e dependência, estão de espírito aberto e coração disponível para acolher a proposta de salvação e libertação que Deus lhes oferece em Jesus (a proposta do “Reino”).
As quatro primeiras “bem-aventuranças” referidas por Mateus (vers. 3-6) estão relacionadas entre si. Dirigem-se aos “pobres” (as segunda, terceira e quarta “bem-aventuranças” são apenas desenvolvimentos da primeira, que proclama: “bem-aventurados os pobres em espírito”). Saúdam a felicidade daqueles que se entregam confiadamente nas mãos de Deus e procuram fazer sempre a sua vontade; daqueles que, de forma consciente, deixam de colocar a sua confiança e a sua esperança nos bens, no poder, no êxito, nos homens, para esperar e confiar em Deus; daqueles que aceitam renunciar ao egoísmo, que aceitam despojar-se de si próprios e estar disponíveis para Deus e para os outros.
Os “pobres em espírito” são aqueles que aceitam renunciar, livremente, aos bens, ao próprio orgulho e auto-suficiência, para se colocarem, incondicionalmente, nas mãos de Deus, para servirem os irmãos e partilharem tudo com eles.
Os “mansos” não são os fracos, os que suportam passivamente as injustiças, os que se conformam com as violências orquestradas pelos poderosos; mas são aqueles que recusam a violência, que são tolerantes e pacíficos, embora sejam, muitas vezes, vítimas dos abusos e prepotências dos injustos… A sua atitude pacífica e tolerante torná-los-á membros de pleno direito do “Reino”.
Os “que choram” são aqueles que vivem na aflição, na dor, no sofrimento provocados pela injustiça, pela miséria, pelo egoísmo; a chegada do “Reino” vai fazer com que a sua triste situação se mude em consolação e alegria…
A quarta bem-aventurança proclama felizes “os que têm fome e sede de justiça”. Provavelmente, a justiça deve entender-se, aqui, em sentido bíblico – isto é, no sentido da fidelidade total aos compromissos assumidos para com Deus e para com os irmãos. Jesus dá-lhes a esperança de verem essa sede de fidelidade saciada, no Reino que vai chegar.
O segundo grupo de “bem-aventuranças” (vers. 7-11) está mais orientado para definir o comportamento cristão. Enquanto que no primeiro grupo se constatam situações, neste segundo grupo propõem-se atitudes que os discípulos devem assumir.
Os “misericordiosos” são aqueles que têm um coração capaz de compadecer-se, de amar sem limites, que se deixam tocar pelos sofrimentos e alegrias dos outros homens e mulheres, que são capazes de ir ao encontro dos irmãos e estender-lhes a mão, mesmo quando eles falharam.
Os “puros de coração” são aqueles que têm um coração honesto e leal, que não pactua com a duplicidade e o engano.
Os “que constroem a paz” são aqueles que se recusam a aceitar que a violência e a lei do mais forte rejam as relações humanas; e são aqueles que procuram ser – às vezes com o risco da própria vida – instrumentos de reconciliação entre os homens.
Os “que são perseguidos por causa da justiça” são aqueles que lutam pela instauração do “Reino” e são desautorizados, humilhados, agredidos, marginalizados por parte daqueles que praticam a injustiça, que fomentam a opressão, que constroem a morte… Jesus garante-lhes: o mal não vos poderá vencer; e, no final do caminho, espera-vos o triunfo, a vida plena.
Na última “bem-aventurança” (vers. 11), o evangelista dirige-se, em jeito de exortação, aos membros da sua comunidade que têm a experiência de ser perseguidos por causa de Jesus e convida-os a resistir ao sofrimento e à adversidade. Esta última exortação é, na prática, uma aplicação concreta da oitava “bem-aventurança”.
No seu conjunto, as “bem-aventuranças” deixam uma mensagem de esperança e de alento para os pobres e débeis. Anunciam que Deus os ama e que está do lado deles; confirmam que a libertação está a chegar e que a sua situação vai mudar; asseguram que eles vivem já na dinâmica desse “Reino” onde vão encontrar a felicidade e a vida plena.