domingo, 26 de maio de 2013

UM FOGO com TRÊS CHAMAS!


SS.ma Trindade
Com a fórmula resumida “um só Deus em três Pessoas”, assim se referia o mistério por excelência, o Mistério Santo da nossa fé!
Quem é Deus, para nós? Qual o seu rosto, qual a sua maneira de ser? Para o compreendermos não podemos ficar nos pensamentos humanos, mas temos de subir! Deixar-nos elevar com a força da Palavra!

1.SUBIR
- “Desde a eternidade...”. Somos hoje convidados a “penetrar na mais alta contemplação”.
- A Palavra de hoje convida-nos, antes de mais, a subir, a elevar o pensamento e o coração até às alturas do infinito, para aí descobrirmos o modo de ser de Deus!
- Muitos filósofos, nas suas reflexões, chegaram à ideia de um só Deus, pois um Deus que seja infinito, sapiente e todo-poderoso obriga a pensarmos um Deus único!
- Como os Judeus e Muçulmanos, também nós acreditamos que há um só Deus.
- Onde está a originalidade do Deus de Jesus Cristo? Como é o seu modo de ser?
- É aqui que somos confrontados com o mistério que a comunidade cristã chamou, ao longo dos tempos, da “Santíssima Trindade”, um Deus que é Um, mas em três “Pessoas”, melhor dizendo em três Relações (para usarmos a linguagem dos grandes teólogos como S. Tomás de Aquino).

2.CONTEMPLAR
- Toda a vida e palavra de Jesus nos fala de Deus.
- Jesus começa por falar do Pai e da sua relação única com Ele como Filho. Esta relação de Filho é já anunciada pela figura da Sabedoria, que estava desde sempre na intimidade de Deus!
- Juntamente com o Pai, Jesus dá o Espírito Santo. Com o mistério pascal, Jesus dá o Espírito, que se manifesta como esse grande vulcão divino no Pentecostes.
- Deus é um Fogo com três “Chamas”.
- O Evangelho de hoje mostra-nos uma perfeita partilha em Deus, uma “circularidade de vida”: o que o Pai tem é do Filho; o que o Filho tem é do Espírito; o Espírito é dom do Pai e do Filho.  O Espírito, tanto na Trindade como para nós é sempre Amor!
- Na Trindade santa, há um dar-se constante por amor, esquecendo-se de Si e projetando-Se no Outro, para que o Outro seja e os três n’Um só, em perfeita unidade!
- O “Eu” e o “Tu” fazem um ”Nós”!
- A Unidade é da natureza divina, a Trindade é das Pessoas (cf João Paulo II).

3. VIVER
- Ao contrário do que se poderia pensar, ao contemplar o Mistério de Deus Trindade, a Palavra deste Domingo não nos deixa ficar comodamente parados numa visão passiva!
Pelo contrário, esta Palavra é convite e desafio a trazermos para a vida este Mistério santo e altíssimo da nossa fé.
O mistério de Deus uno e trino ilumina a vida da Igreja. Ela é um reflexo da Trindade!
- Por isso, o lema do Sínodo Diocesano é “em comunhão para a missão”!
- Ao mesmo tempo, os relacionamentos humanos devem ter como referência este “Modelo divino”! (Cf BENTO XVI - CV, nº 34). A família, a amizade, o grupo de trabalho...
- A vida de comunhão na Trindade é a pátria para onde nos empurra o coração humano (cf A.Giordano).
- Se Deus é Trindade de comunhão e amor, a vida da Igreja só é verdadeira quando espelha a unidade entre todos!
- A nossa vida só é plenamente cristã quando, pelo amor e pela partilha, imitamos o Mistério de Deus Uno e Trino!


Nesta semana: Como viveremos o Mistério da Trindade Santa? Amar a Deus sobre todas as coisas e amarmo-nos reciprocamente à maneira da vida trinitária!


P. Cardoso

Solenidade da Santíssima Trindade


A Solenidade  que hoje celebrámos (Santíssima Trindade)  não é um convite  a decifrar  o mistério  que se esconde por detrás de “um Deus em três pessoas”; mas é um convite a contemplar o Deus que é amor, que é família, que é comunidade e que criou os homens para os fazer comungar nesse mistério de amor.

primeira leitura sugere-nos a contemplação do Deus criador. A sua bondade e o seu amor estão inscritos e manifestam-se aos homens na beleza e na harmonia das obras criadas (Jesus Cristo é “sabedoria” de Deus e o grande revelador do amor do Pai).

segunda leitura convida-nos a contemplar o Deus que nos ama e que, por isso, nos “justifica”,   de  forma  gratuita  e  incondicional.  É  através  do  Filho  que  os  dons  de Deus/Pai se derramam sobre nós e nos oferecem a vida em plenitude.


O  Evangelho  convoca-nos,  outra  vez,  para  contemplar  o  amor  do  Pai,  que  se manifesta na doação e na entrega do Filho e que continua a acompanhar a nossa caminhada  histórica  através  do Espírito.  A meta  final  desta  “história  de amor”  é a nossa inserção plena na comunhão com o Deus/amor, com o Deus/família, com o Deus/comunidade.

sábado, 4 de maio de 2013

6.º Domingo do Tempo Pascal - Ano C


TEMA

Na liturgia deste domingo sobressai a promessa de Jesus de acompanhar de forma permanente a caminhada da sua comunidade em marcha pela história: não estamos sozinhos; Jesus ressuscitado vai sempre ao nosso lado.
No Evangelho, Jesus diz aos discípulos como se hão-de manter em comunhão com Ele e reafirma a sua presença e a sua assistência através do “paráclito” – o Espírito Santo.
A primeira leitura apresenta-nos a Igreja de Jesus a confrontar-se com os desafios
dos  novos  tempos.  Animados  pelo  Espírito,  os  crentes  aprendem  a  discernir  o essencial do acessório e actualizam a proposta central do Evangelho, de forma que a mensagem libertadora de Jesus possa ser acolhida por todos os povos.
Na segunda leitura, apresenta-se mais uma vez a meta final da caminhada da Igreja: a “Jerusalém messiânica”, essa cidade nova da comunhão com Deus, da vida plena, da felicidade total.

Nota Pastoral da Conferência Episcopal Portuguesa


Promover a Renovação da Pastoral da Igreja em Portugal


1. No seguimento da última Visita ad limina Apostolorum, os bispos de Portugal decidiram promover um amplo movimento de auscultação junto do Povo de Deus em ordem à revitalização do tecido pastoral da Igreja em Portugal. A recente eleição do Papa Francisco e as linhas pastorais que já nos traçou são para nós um alento de esperança a «viver a doce e reconfortante alegria de evangelizar».

2. Foram muitos e todos igualmente importantes os contributos que recebemos, pelo que não podemos deixar de expressar a todas as pessoas envolvidas neste processo o nosso grande apreço e a nossa mais profunda gratidão. Reunidos e compulsados todos os contributos recebidos, fazemos agora o elenco dos apelos mais insistentemente repetidos, alguns dos quais já assimilados na vida das nossas comunidades eclesiais. Pedia-se:

a) uma Igreja permanentemente em estado de oração, formação, renovação e missão, cada vez mais atenta a todas as pessoas e aos sinais dos tempos;

b) uma Igreja mais dinâmica e participativa, discipular e missionária, próxima e acolhedora, ao estilo de Jesus, Bom Pastor, e das primeiras comunidades cristãs admiravelmente retratadas nos Atos dos Apóstolos (Act 2,42 47; 4,32 35; 5,12 15);

c) uma Igreja intensamente marcada pela prática da caridade fraterna, que não fique à espera das pessoas, mas que vá ao seu encontro;

d) uma Igreja que se faça companheira de viagem dos jovens, sempre atenta aos seus sonhos, anseios e problemas, tendo em conta que os jovens procuram a Igreja, não para se divertirem, mas para se alimentarem interiormente;

e) uma Igreja que sinta, viva, partilhe e se empenhe a ajudar a resolver os inúmeros problemas que hoje assolam as famílias;

f) uma Igreja que busque sempre o empenho e a participação de todos, sacerdotes, diáconos, consagrados e leigos, para juntos auscultarmos e seguirmos os rumos que Deus nos quiser indicar.

3. Estes elementos recolhidos e agora postos em realce viram-se verificados e confirmados pelo Inquérito levado a efeito pela Universidade Católica Portuguesa, sobre «Identidades Religiosas em Portugal – Representações, Valores e Práticas», que chamou a nossa atenção para uma certa desafeição e quebra de laços de pertença à Igreja de uma parte da população portuguesa, com particular incidência nos jovens.

4. A recente realização do Sínodo dos Bispos, em Roma, pediu insistentemente muito maior empenho, dedicação e carinho na transmissão da fé, mãos nas mãos, de modo a que nos tornemos cristãos convictos e credíveis, bem assentes sobre o único fundamento que é Jesus Cristo (1 Cor 3,11). Pediu também um olhar novo, atento, comovido e evangelizador para este mundo que Deus criou e ama, e que é sua plantação dileta (Is 61,3).

5. Também não podemos descurar que os caminhos que agora se abrem à Igreja em Portugal vêm à luz no contexto do Ano da Fé, do cinquentenário do Concílio Vaticano II e da caminhada para o centenário das Aparições de Nossa Senhora em Fátima.

6. Considerado atentamente todo o processo e o seu enquadramento eclesial, a Igreja em Portugal propõe-se trilhar em comunhão, num só coração e numa só alma, os seguintes rumos:

A) Primado da graça e nova mentalidade
Formar comunidades assentes no primado da graça, da contemplação, da comunhão e da oração, sabendo todos bem, pastores e fiéis leigos, que o essencial da vivência cristã e dos frutos pastorais na vida da comunidade não depende tanto do nosso esforço de programação e da multiplicação dos nossos passos e afazeres, mas depende sobretudo da transformação da nossa mente e da conversão do nosso coração operadas pela ação da graça de Jesus Cristo, que disse: «Sem mim, nada podeis fazer» (Jo 15,5). Neste sentido, queremos intensificar a oração pessoal e comunitária, dar a todas as ações litúrgicas a dignidade que lhes é devida, valorizar a celebração dos sacramentos da Eucaristia e da Reconciliação, criar grupos de escuta e partilha da Palavra de Deus.

B) Comunhão para a missão
Formar comunidades que sejam autênticas escolas de vivência da fé e da comunhão, gerando entre todos os seus membros laços de fidelidade, de proximidade e de confiança, que se traduzam no serviço humilde da caridade fraterna. É este o caminho para avivar o sentido de pertença à comunidade e para fortalecer os laços da comunhão, que é a primeira forma de missão, de acordo com a Palavra de Jesus, Bom Pastor: «Nisto todos saberão que sois meus discípulos: se vos amardes uns aos outros» (Jo 13,35). De acordo também com a forma de viver das primeiras comunidades cristãs.

C) Missão de todos para todos
Os dois rumos anteriores abrem necessariamente para um terceiro: a missão como empenho da comunidade toda e de todos os seus membros. Torna-se, de facto, necessário que todos os itinerários de catequese e de formação cristã assumam esta perspectiva missionária como elemento central quer a nível de conteúdos quer de método. Isto significa que o chamamento à santidade, ao seguimento de Jesus Cristo, ao serviço na Igreja e à missão são uma única realidade a promover desde a iniciação cristã, continuando com os jovens, e envolvendo as famílias, os adultos, a comunidade inteira.

D) Testemunhar a fé revitalizada
Este processo de revitalização do tecido pastoral da Igreja em Portugal continua a requerer o envolvimento de todos os bispos, sacerdotes, consagrados e fiéis leigos, rezando e trabalhando lado a lado, para juntos sentirmos a alegria de sermos discípulos de Jesus Cristo, todos enviados e empenhados em fazer novos discípulos através da transmissão da nossa fé pelo testemunho de vida e pela palavra. A palavra que dizemos tem de ser viva, saboreada e saborosa (Cl 4,6), cheia de Cristo e de esperança activa. O testemunho que damos tem de ser sem disfarces e sem estratégias, humilde, atento, comovido, próximo e acolhedor, profético e evangelizador, que deixe ver, à imagem de Jesus, Bom Pastor, uma Igreja que não se fecha sobre si, mas que sai de si, para o átrio deste mundo que Deus ama.

E) Fomentar iniciativas de iniciação cristã e de formação
É notório que, no mundo em que nos é dado viver, os indicadores que sinalizam os caminhos para a fé se encontram cada vez mais rarefeitos, sendo maiores as dificuldades sentidas no seio da família e das organizações eclesiais para a transmissão da fé às novas gerações. Impõe-se, portanto, uma aposta mais intensa e dinâmica na iniciação cristã das crianças e jovens, bem como no catecumenato de adultos. Prioritária é também a formação da vivência cristã de todos, particularmente dos agentes pastorais e dos líderes cristãos, que os leve a preparar-se, cada vez mais e melhor, para a missão e a nela se empenhar.

F) Comprometidos com as iniciativas pastorais em curso
Várias dioceses têm em curso a preparação ou realização de um Sínodo diocesano. Múltiplas iniciativas pastorais estão em andamento no âmbito do Ano da Fé, do recente Sínodo dos Bispos sobre a promoção da nova evangelização, das celebrações do 50.º aniversário da abertura do Concílio Vaticano II e da preparação do centenário das Aparições de Nossa Senhora em Fátima. Os aspetos acima postos em realce não vêm anular os projetos já em andamento; antes, podem valorizá-los e potenciá-los, e, porventura, provocar uma partilha fraterna mais intensa de todas as coisas boas que já se estão a fazer.

G) A ter sempre diante dos olhos e no coração
Escuta bem, com toda a atenção, Igreja em Portugal:
— reúne-te à volta de Jesus, aprende a rezar e, com Jesus e como Jesus, vai com alegria e ousadia sempre renovadas à procura e ao encontro dos teus filhos e filhas;
— reveste-te sem ostentação nem riquezas, mas com humildade e verdade e com a ternura de Jesus Cristo;
— acolhe e vive o Evangelho como uma graça recebida, transmite-o com amor e fidelidade, e não como um produto para publicitar ou para colocar no mercado;
— põe todo o esmero a preparar e oferecer, com carinho, verdadeiros itinerários de iniciação e de formação cristã para crianças, adolescentes jovens e adultos;
— redobra o teu empenho na preparação dos candidatos ao sacerdócio;
— fica sempre atenta e vigilante e sê persistente em tudo o que diz respeito à formação permanente dos teus sacerdotes;
— reconhece os consagrados pela riqueza dos seus carismas como membros ativos e indispensáveis no crescimento e na ação do Povo de Deus;
— cuida também da formação dos fiéis leigos, com especial atenção aos mais comprometidos na vida da Igreja e da sociedade, e estimula-os a serem verdadeiros discípulos de Jesus e seus missionários apaixonados e felizes no coração do mundo;
— vela sempre, com afeto maternal, por todos os teus filhos e filhas, e nunca deixes que se transformem em meros funcionários, perdendo o ardor e o primeiro amor.

Maria, Mãe da Igreja e nossa Mãe, Senhora de Fátima, ícone do primado da graça e da oração, do serviço humilde que gera laços de comunhão e de missão, sê nossa companheira nos caminhos que agora nos propomos percorrer para sabermos melhor levar Cristo aos nossos irmãos e os nossos irmãos a Cristo.

Fátima, 11 de abril de 2013