quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Audiência do Papa Bento XVI

Edith Stein e Maximiliano Kolbe, por Bento XVI



Caros irmãos e irmãs


Tendo voltado de Bressanone, onde pude transcorrer um período de descanso, estou feliz por me encontrar convosco e por vos saudar, queridos habitantes de Castel Gandolfo, bem como a vós, peregrinos que hoje viestes visitar-me.
Gostaria de agradecer mais uma vez a quantos me receberam e vigiaram sobre a minha estadia nas montanhas. Foram dias de tranquila distensão, durante os quais não cessei de recordar ao Senhor aqueles que se confiam às minhas orações. E são verdadeiramente numerosos os que me escrevem, pedindo para rezar por eles. Manifestam-me as suas alegrias, mas também as suas preocupações, os seus projectos de vida, mas inclusive os problemas na família e no trabalho, as expectativas e as esperanças que nutrem no seu coração, juntamente com as angústias ligadas às incertezas que a humanidade está a viver neste momento. Posso assegurar que me recordo de todos e de cada um, especialmente na celebração diária da Santa Missa e na recitação do Santo Rosário. Bem sei que o primeiro serviço que posso prestar à Igreja e à humanidade é precisamente a oração, porque rezando deposito nas mãos do Senhor com confiança o ministério que Ele mesmo me confiou, juntamente com a sorte de toda a comunidade eclesial e civil.

Quem reza nunca perde a esperança, mesmo quando se encontra em situações difíceis e até humanamente desesperadas. É isto que nos ensina a Sagrada Escritura e que testemunha a história da Igreja. Com efeito, quantos exemplos poderíamos oferecer, de situações em que foi precisamente a oração que sustentou o caminho dos santos e do povo cristão! Entre os testemunhos da nossa época, gostaria de citar o de dois santos, cuja memória festejamos nestes dias: Teresa Benedita da Cruz, Edith Stein, cuja festa pudemos celebrar no dia 9 de Agosto, e Maximiliano Kolbe, que recordaremos amanhã, 14 de Agosto, vigília da solenidade da Assunção da Bem-Aventurada Virgem Maria. Ambos concluíram com o martírio a sua vicissitude terrestre, no lager de Auschwitz. Aparentemente, a sua existência poderia considerar-se uma derrota, mas precisamente no seu martírio resplandece o fulgor do Amor, que vence as trevas do egoísmo e do ódio. A São Maximiliano Kolbe são atribuídas as seguintes palavras, que ele teria pronunciado em pleno furor da perseguição nazista: “O ódio não é uma força criativa: é-o somente o amor”. E do amor foi uma prova heróica a generosa oferta que ele fez de si mesmo em troca de um dos seus companheiros de prisão, oferta esta que culminou com a sua morte no bunker da fome, a 14 de Agosto de 1941.

Edith Stein, no dia 6 de Agosto do ano seguinte, três dias antes da morte dramática, aproximando-se de algumas religiosas do mosteiro de Echt, na Holanda, disse-lhes: “Estou pronta para tudo. Jesus está também aqui no meio de nós. Até agora pude rezar muito bem, dizendo de todo o coração: “Ave, Crux, spes unica””. Testemunhas que conseguiram fugir deste horrível massacre narraram que Teresa Benedita da Cruz, ao vestir o hábito carmelita, caminhava conscientemente rumo à morte, distinguindo-se pelo seu comportamento repleto de paz e pela sua atitude tranquila e pelo seu comportamento calmo e atento às necessidades de todos. A oração foi o segredo desta Santa, co-Padroeira da Europa, que “mesmo depois de ter alcançado a verdade na paz da vida contemplativa, teve que viver até ao fim o mistério da Cruz” (Carta Apostólica Spes aedificandi, em Insegnamenti di Giovanni Paolo II, XX, 2 [1999], pág. 511).

“Ave-Maria!”: esta foi a última invocação que brotou dos lábios de São Maximiliano Kolbe, estendendo o braço àquele que o matava com uma injecção de ácido fénico. É comovedor constatar que o recurso humilde e confiante a Nossa Senhora é sempre manancial de coragem e de serenidade. Enquanto nos preparamos para celebrar a solenidade da Assunção, que é uma das festas marianas mais queridas à tradição cristã, renovamos a nossa confiança naquela que, do Céu, vigia com amor maternal sobre nós em todos os momentos. Com efeito, é assim que rezamos na familiar prece da Ave-Maria, pedindo-lhe que interceda por nós “agora e na hora da nossa morte”.

Quarta-feira, 13 de Agosto de 2008
09-08-2012

Retirado de http://www.portal.ecclesia.pt/ecclesiaout/liturgia/liturgia_site/noticias/noticias_ver.asp?cod_noticia=91


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