AS VISÕES DE ZAQUEU
1.VER DE
CURIOSIDADE
- A curiosidade é um dos
fatores de novas descobertas. O ser humano é curioso por natureza. Trata-se
aqui de um ver natural, com os olhos.
- Por isso, Zaqueu subiu a um sicómoro, pensando: “Aqui vejo sem ser visto”!
- O sicómoro é uma árvore típica do Médio Oriente e Norte
de África, com tronco largo e fraca ramagem. Parecido com a figueira, dá frutos
de qualidade inferior!
- Zaque pensava: eu estou muito longe desse profeta, sou
um grande pecador e, por isso, nunca poderei ser seu amigo, porém nada me há-de
impedir de o ver bem! Quero saber se é alto, que trajes usa, enfim, qual é o
aspeto!
- Até àquele dia, a vida de Zaqueu só dava frutos bravios, provocados pelo
materialismo e pelo egoísmo... eram frutos mais fracos que os do sicómoro!
- Zaqueu “queria ver Jesus”. Porém, ele não tinha
consciência de que essa curiosidade funcionava nele como uma abertura para a fé.
2. VER DE FÉ
- Ora, quando Zaqueu procura identificar Jesus no meio do
grupo e finalmente O localiza, o seu olhar
cruza-se com outro olhar que vinha já na sua direção, o olhar de Jesus. O
Mestre até sabia o seu nome...
- Zaqueu ficou sem palavras e, por pouco não caía abaixo
da árvore...
- Depois de tantos anos a ser marginalizado pelos chefes religiosos e pela sociedade por ser um
pecador, sem qualquer possibilidade de salvação...
- O inesperado acontece. Jesus é o rosto de Deus que ama o pecador e toma a iniciativa... Jesus
condena o pecado, mas ama o pecador para o libertar do pecado!
- Jesus não coloca condições,
mas Zaqueu sente que tem de mudar,
pois há algo dentro dele, a ação da graça que o impele a essa mudança.
- Zaqueu vive um verdadeiro encontro com o Senhor, encontro que
transforma e que é uma nova luz na sua vida, a luz da fé. Esta é a segunda
visão de Zaqueu.
- O Papa Francisco explica (nº 29 ss) que a fé une “a escuta da Palavra de Deus
com o desejo de ver o seu rosto”, “é a luz
de um Rosto, no qual se vê o Pai” (nº 30).
3.VER DE
COMUNHÃO
- O Evangelho realça as palavras de Jesus, que confirmam
que naquele dia (no “hoje” da história), a salvação
entrou na casa de Zaqueu.
- A salvação entrou como uma centelha de uma nova luz, uma luz que brilhará
totalmente apenas no futuro, depois da transformação da ressurreição.
- É a chamada “visão beatífica”, aquela visão feliz de Deus e em Deus, que
significa a plenitude da realização humana, a sua maior felicidade, um bem
inimaginável e apenas intuído pelo coração humano, que Deus oferece a todos!.
- “O ser humano está orientado à visão beatífica”
(K.Rahner), a que somos chamados por Deus. Será uma visão de plena comunhão.
- “A fé encontra a sua
maturidade com a passagem à visão
beatífica” (João Paulo II, Creo en el Spìritu Santo, 389). Esta é a terceira visão de Zaqueu e que esperamos também.
Como viver esta PALAVRA ? - “O cristão é aquele
que se sente atraído pelo olhar do Senhor, se sente amado e salvo pelo Senhor
até o fim” (Papa Francisco, homilia de 31 de Outubro
último-2013). Saibamos
deixar-nos atrair por esse olhar e viver a luz da fé, para participarmos um dia
na luz da glória !!!
Pe. Cardoso
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