quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Figuras do Advento

João Baptista e Maria de Nazaré,
modelos de quem espera o Senhor que vem
Joaquim Manuel Garrido Mendes, scj


Em si, a palavra "advento" significa "vinda". Para os cristãos, esta "vinda" refere-se à chegada d’Aquele que lhes traz a salvação, a libertação, a esperança: Jesus Cristo, o Deus que veio ao nosso encontro com uma proposta de vida plena e eterna.
No entanto, a palavra "advento" começou a designar, no contexto litúrgico, um tempo de preparação, durante o qual os crentes são convidados a preparar o seu coração para acolher o Senhor que vem.
Mas o Senhor não veio já? Não celebramos neste Natal os dois mil e cinco anos do seu nascimento? Porquê, então, preparar-nos como se ele estivesse para nascer outra vez, no presépio de Belém?
Na realidade, o Senhor veio, vem e virá sempre ao nosso encontro. Mas a sua "vinda" só se tornará efectiva e só terá um real impacto no mundo e na vida dos homens, se O soubermos acolher.
Não chega que Ele tenha nascido em Belém, há cerca de dois mil anos; é preciso que Ele continue a nascer, a encontrar todos os dias lugar no nosso coração, a ser acolhido e a ter impacto na nossa vida.
O "advento" é precisamente o tempo em que somos convidados a equacionar esta realidade, a preparar o nosso coração e a nossa vida para reconhecer e acolher o Senhor que vem.
Que significa, exactamente, prepararmo-nos para acolher o Senhor que vem? Significa "convertermo-nos". Falar em "conversão" não significa fazer a lista dos nossos pecados e escolher uma ou outra coisa que vamos evitar fazer, a partir de agora; mas significa uma transformação profunda da nossa vida, dos nossos valores, das nossas prioridades, de forma a que Deus ocupe, na nossa existência, o lugar que merece.
Só eliminando esses pequenos interesses egoístas que ocupam, tantas vezes, o centro da nossa existência, só saindo desse comodismo que nos aliena, só mudando os nossos esquemas de vida centrados em nós próprios, só percebendo o que é que é secundário e o que é importante, teremos espaço e disponibilidade para acolher a proposta renovadora, libertadora e salvadora que Deus nos faz, continuamente, em Jesus.
Para nos ajudar nesta caminhada de conversão e de preparação para acolher o Senhor, a liturgia deste tempo de "advento" propõe-nos duas figuras bíblicas: João Baptista e Maria de Nazaré.
São, possivelmente, as figuras que mais se distinguem (além de Jesus) no chamado "Evangelho da Infância". Quer uma, quer outra, aparecem em contextos de preparação para a "vinda" de Jesus.
João Baptista é o profeta que prega no deserto, que acorda os corações dos homens para o acolhimento do Senhor e que convida os homens à conversão.



Maria de Nazaré é a mulher do "sim" a Deus, cuja disponibilidade tornou possível a incarnação de Jesus; e é a mulher do "sim" aos irmãos, que é capaz de se deixar desafiar pelo Senhor e partir ao encontro das necessidades, das angústias, dos sofrimentos dos outros e dar a mão a quem necessita.
São figuras – cada uma a seu modo – interpelativas, que nos desafiam a estar atentos ao Senhor que vem e que nos fazem pensar no modo como O devemos acolher.

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